A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que ela e o presidente Jair Bolsonaro vão se reunir com 51 embaixadores de países árabes e mulçulmanos nesta quarta-feira, 10. O evento – um jantar na sede da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) – é tido como um esforço para conter uma possível retaliação comercial dos países árabes ao Brasil após nova orientação pró-Israel do governo Bolsonaro, que incluiu uma viagem do presidente ao país na semana passada e o anúncio de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém.
Principal exportador de proteína bovina para o mercado árabe do mundo, em 2018 o Brasil vendeu 342 milhões de toneladas de carne Halal, que envolve a criação e o abate de animais sem sofrimento, seguindo os preceitos da religião muçulmana. Nos frigoríficos certificados por religiosos muçulmanos, as linhas de abate, por exemplo, estão voltadas para a Meca.
No entanto, desde que a ideia da mudança da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém surgiu, ainda no governo de transição, representantes do mundo árabe disseram que poderia haver boicote aos produtos brasileiros.
Tereza Cristina afirmou nesta terça que, por enquanto, Bolsonaro anunciou apenas a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, mas admitiu que a intenção gerou um estremecimento com a região.
“Vamos realizar esse encontro para mostrar que o Brasil é um país amigo e confiável para eles”, disse.
“Estive conversando com o presidente Bolsonaro, contando a ele, na quinta-feira passada, e ele me disse ‘vou-lá’. Tomara que vá. Será muito bom se ele puder ir”, adiantou a ministra sobre o encontro que deverá acontecer na CNA.
Para o presidente da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil, Ali Zoghbi, a presença de Bolsonaro pode ser um aceno importante para aos diplomatas árabes e muçulmanos sobre a importância da região para o Brasil.
“O Brasil sempre teve uma postura neutra com relação às questões da região (países árabes e Israel) e essa guinada da política externa causou certa tensão entre os produtores locais. Esperamos uma aceno inquívoco do presidente, uma reflexão maior sobre o papel e a importância dos países árabes e muçulmanos para o governo”, afirma. / COM MARIANA HAUBERT
Fonte: Estadão