Hodiernamente, há no seio da humanidade uns aspectos que chamam a atenção, a exemplo da insaciabilidade e da insatisfação do ser humano.
É certo que o homem sempre procura o caminho da felicidade. Mas é bem verdade também que, às vezes, ele convive com a felicidade — mas só percebe sua existência quando deixa escapá-la.
O fato é que jamais o ser humano se mostra satisfeito com aquilo que já tem, apesar de, muitas vezes, o que já possui lhe é suficiente para viver feliz.
Com uma insatisfação contínua, o homem descarta aquilo que tem, em busca de algo maior. Não compreende que o excesso é sempre difícil de segurar em nossas mãos. Como nada se leva deste mundo, após a morte, então o homem deveria aprender a lição de contentar-se com aquilo que já tem, buscando compreender ainda que a felicidade não se encontra na abundância da materialidade, mas, sim, dentro de cada um de nós — na essência residente no coração do homem, da mulher.
Enxergamos no homem moderno o aspecto de que ele traz, a inaceitável desculpa de se julgar “injustiçado”. São muitos os que equivocadamente costumam pensar que merecem, talvez mais que outros, alcançar os sonhos almejados. Pensam que devem sempre ser escolhidos para a obtenção de facilidades que circundam a pessoas, no mundo dos “jeitinhos”. É a cultura de que tudo cai do céu, de que tudo é fácil.
Ora, Deus concedeu ao homem o poder do discernimento para permitir que ele decida sobre o seu destino. Ele, a Divindade, pode até generosamente mostrar o caminho a ser seguido — mas acontece que, muitas vezes, o ser humano não enxerga os sinais e termina por enveredar por trilhas repletas de facilidades, sendo justamente aí que mora o perigo.
O homem corre atrás daquilo que acredita ser o melhor e de beleza inconteste. Muitas vezes, no entanto, o sonho é inalcançável. Ele sabe disto, mas prefere burramente continuar a buscar algo que jamais lhe pertencerá. Quem não sabe que até o sonho tem seus limites? O homem deveria saber quando extrapola tais limites, sob pena de ser motivo de chacota.
No ímpeto de conseguir a felicidade, a humanidade aniquila sua verdadeira beleza. Aí, nem os mais belos traços físicos conseguem mascarar a inveja, a traição e a sacanagem existentes num pobre coração que só vibra com emoções do vil material.
É obvio que somos imperfeitos. Mas equivocadamente o homem visualiza que a alegria dos outros o incomoda; que o sucesso do amigo faz surgir em seu coração a inveja. O egoísmo impulsiona o homem no sentido de, com o olhar da vaidade, buscar enxergar sempre os defeitos de seus semelhantes. Com isso, termina por esquecer de olhar para si mesmo. No espelho, ele pode encontrar seus próprios defeitos — mas são poucos os que se olham no verdadeiro espelho.
Criaturas dessa espécie constituem-se em seres infelizes, passageiros de uma civilização que se intitula moderna, mas não consegue vislumbrar a solidariedade. É que o mais precioso diamante do planeta seria insuficiente para saciar a insatisfação deste ser. Que Deus olhe pela humanidade.
Onaldo Queiroga
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