Marcelinho Paraíba está de volta ao futebol. Não que ele tivesse abandonado o esporte que foi sua vida por quase três décadas. Afinal, desde que encerrou a carreira como jogador, dentro das quatro linhas, em março deste ano, ele seguiu ligado à bola, mas como auxiliar técnico. Acontece que agora, mais de oito meses depois de pendurar as chuteiras, o veterano atleta resolveu interromper a aposentadoria para, do auge dos seus 45 anos, tentar ajudar o Treze a evitar o rebaixamento na Série C do Brasileiro.
A notícia pegou praticamente todos de surpresa. Em 15 de março deste ano, Marcelinho Paraíba disputou sua última partida como jogador profissional, pela Perilima, no Campeonato Paraibano. Meses depois, pela mesma Perilima, começou a trabalhar na comissão técnica do time de base. No dia 18 de setembro, foi anunciado como novo auxiliar técnico fixo do Treze, clube com o qual tem grande identificação. E, desde então, vinha amargando uma situação complicada, com o time brigando a maior parte do tempo para evitar a zona de rebaixamento do Grupo A da Série C.
Até que, nesta semana, faltando duas rodadas para o fim da primeira fase da competição nacional, e com o Treze dentro do Z-2, mas ainda dependendo apenas de si para escapar do rebaixamento à Série D de 2021, o clube tomou a decisão: Marcelinho Paraíba deixou de ser auxiliar técnico, passou a treinar com o elenco, foi inscrito como jogador profissional e está relacionado para a partida deste sábado, contra o Vila Nova. Está confirmado, então: o veterano meia, aos 45 anos, seis meses e 11 dias, é novamente jogador de futebol profissional.
Do gramado para a beira do campo
A carreira dentro das quatro linhas é extensa. Marcelinho Paraíba começou em 1991, pelo Campinense, já sendo campeão paraibano. Daquele ano até 2020, quando encerrou a carreira, passou por mais de 20 clubes, entre eles algumas potências do futebol brasileiro, como Flamengo, Grêmio e São Paulo. Fora do país, se tornou ídolo do Hertha Berlin, da Alemanha. Chegou também à Seleção Brasileira. Muita história para contar, portanto.
Mas, depois que pendurou as chuteiras, oito meses atrás, passou pouco tempo atuando à beira do gramado. Da curta experiência na base da Perilima aos pouco mais de dois meses na comissão técnica do Treze, clube no qual também se tornou ídolo recentemente. Marcelinho, aliás, ajudou, como jogador, a levar o Treze da Série D para a Série C, em 2018. Agora, desiste da aposentadoria e volta a ser jogador, por pelo menos duas partidas, para tentar evitar que seu clube faça o caminho inverso e acabe rebaixado.
A estratégia para a volta de Marcelinho Paraíba aos gramados foi executada de forma sigilosa. Ao longo da semana, ele treinou com o time principal, mas, como as atividades do clube têm sido fechadas, não houve registros públicos dessas movimentações. Apenas neste sábado, a assessoria trezeana divulgou fotos do experiente meia entre seus companheiros de time. Na sexta-feira, o nome de Marcelinho apareceu no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF como jogador. E então a informação se tornou pública. Ele sequer deu entrevistas novamente como atleta profissional. Está concentrado com o time para a partida da tarde deste sábado e só deve se pronunciar ao fim do jogo.
De volta ao jogo: missão complicada
A missão a que Marcelinho Paraíba se propôs nesta sua volta aos gramados não é fácil. O Treze é o penúltimo colocado do Grupo A da Série C, dentro da zona de rebaixamento. O Imperatriz, com apenas um ponto, já caiu para a Série D. Resta, então, conhecer o segundo rebaixado. E faltam apenas duas rodadas para o fim da fase de grupos. No momento, o Treze de Marcelinho tem 17 pontos e briga principalmente com Botafogo-PB (19), Ferroviário (19) e Jacuipense (21), que ainda estão ao seu alcance, para evitar a queda. O Manaus, com 23 pontos, tem poucas chances de cair.
Pela frente, o Treze tem dois jogos decisivos. A começar por este sábado, quando o time recebe o Vila Nova, no Amigão, em Campina Grande, interior da Paraíba. Se vencer, vai a 20 pontos, ultrapassa pelo menos o Botafogo-PB (que já jogou nesta rodada), sai do Z-2 e vai para a última rodada jogando pelo empate para evitar o rebaixamento. Se perder ou empatar, segue na zona da degola e aí vai precisar vencer na rodada derradeira para evitar a tragédia. E o último desafio vai ser justamente contra o Botafogo-PB, rival local, e fora de casa, no Almeidão, em João Pessoa.
Ou seja, Marcelinho Paraíba deve estar ciente do desafio que tem pela frente. Pode ter voltado à tona no futebol para apenas sofrer um drama que vai culminar com um rebaixamento. Mas, se conseguir ajudar o Treze a escapar, então vai se tornar ainda mais querido, ainda mais ídolo da torcida que já aprendeu a idolatrá-lo desde alguns anos atrás. E, seja como for, no mínimo, já vai acumular pelo menos mais uma boa história para contar sobre a sua carreira no futebol.
Fonte: GE
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