Foi de fundamental importância o papel desempenhado pelo coronel José Pereira de Lima, Deputado Estadual e Chefe Político do município de Princesa, na histórica campanha eleitoral de 1915, quando os grupos liderados por Epitácio Pessoa e Valfredo Leal travaram uma acirrada disputa pela hegemonia política do Estado da Paraíba.
As articulações políticas do líder princesense junto a outras lideranças de forças oligárquicas sertanejas foram reconhecidas pelo próprio Epitácio Pessoa como fatores determinantes para a vitória dos epitacistas. A partir de então, nasceu entre ambos uma intensa relação de amizade, admiração e confiança.
O fortalecimento de convívio e compadrio entre coronel e o clã dos Pessoas se deu a partir do final de 1922, quando Epitácio Pessoa de Queiroz, sobrinho de Epitácio Pessoa, agora no exercício do cargo de Presidente da República, assassinou o médico José Bandeira de Melo Filho, esposo de sua prima Clarisse Pessoa, esta filha do já falecido Antonio Pessoa, Chefe Político de Umbuzeiro que foi alçado ao cargo de Presidente do Estado Paraíba após a retumbante vitória do irmão Epitácio em 1915.
O crime, ocorrido em Recife no dia 5 de novembro de 1922, envolvendo os sobrinhos do Presidente da República, teve grande repercussão nacional. Epitácio Pessoa de Queiroz havia sido avisado que o seu compadre Dr. Bandeira Filho, que além de ser casado com sua prima, gozava de toda sua confiança, inclusive da privacidade do seu lar, vinha mantendo um relacionamento amoroso com a sua esposa.
Preso preventivamente, logo que posto em liberdade o autor do homicídio decide se homiziar na cidade de Princesa, sob a tutela do velho amigo da família José Pereira, que o hospeda em sua própria residência. Em visita ao irmão, o empresário José Pessoa de Queiroz convence-o a construir uma casa para moradia, alegando que ele estaria abusando da hospitalidade do anfitrião, mesmo porque o tempo de sua permanência em Princesa era impreciso, iria depender do andamento do processo criminal em Recife.
Convencido, Epitácio decide construir a sua própria casa e se estabelecer como comerciante naquela florescente cidade paraibana, onde permanece até ser submetido a júri popular por duas vezes, sendo em ambos absolvido por unanimidade.
Na Revolta de Princesa, movimento armado ocorrido em 1930 aquiescido por desavenças no seio da família Pessoa, o imóvel foi utilizado como hospital destinado às vítimas do conflito. Posteriormente foi adquirido pelo empresário José Pessoa de Queiroz, que o presenteou à sua afilhada Luiza Pereira (Luizinha), filha do coronel José Pereira.
Atualmente, conhecido como “O Palacete do coronel José Pereira”, o majestoso casarão é o mais notável local de peregrinação e de visitas da histórica cidade de Princesa, simbolizando a determinação e a resistência de um povo que jamais se deixou amedrontar.
Em frente ao bem cuidado palacete, vislumbra-se uma imponente estátua do eterno Presidente da República Epitácio Pessoa, uma homenagem do seu grande amigo coronel José Pereira.
José Tavares de Araújo Neto