Era domingo, amanheceu nublado e uma intensa névoa escondia o casario de Bananeiras. O frio aconchegante nos fez demorar a sair de casa. O sol, então, foi chegando timidamente até espalhar o encanto da névoa, amenizar o frio e pintar o céu do azul da vida.
Seguimos para o restaurante “O Picuí” para degustar as delícias da culinária regional. O local estava festivo, com quase todas as mesas ocupadas. Eu, minha esposa e um casal amigo, fomos acomodados em uma mesa. Pedimos um prato de carne de sol, acompanhado de macaxeira, feijão-verde, arroz de leite, vinagrete e uma paçoca.
De repente, percebi uma criança sair da parte interna do restaurante e se dirigir para um jardim de flores. Acariciando diversas flores, a menina de uns três anos de idade, retirou a mais bela e, em passos lentos, saiu de volta ao ambiente interno. Fiquei observando aquela criança. Ela passou por diversas mesas. Num dado momento ela para, olha em minha direção e volta, incontinenti, a seguir em seus passos inocentes até chegar onde eu estava. Com a pureza de seu olhar, sorriu para mim e disse: Essa flor é para você!
Recebi a flor. Agradeci e aquela criança, dizendo, obrigado, saiu sorrindo em direção à mesa de seus pais.
Emocionado fiquei. Era a pureza da existência, que havia me escolhido, dentre tantas pessoas ali, ela havia me escolhido para entregar a mais serena e formosa flor. Em mim ressoou como um toque divino, um gesto cheio de inocência, repleto de significados espirituais e de valor incomensurável para mim.
Era Deus nos falando, nos destinando carinho, nos mostrando o quanto a vida é bela, o quanto a vida é amor. Amor que se traduz na candura e sinceridade do caminhar, do gesto, do sorriso e da fala de uma criança. Se nós agíssemos com a decência, dignidade, originalidade, integridade, pureza e probidade de uma criança, estaríamos caminhando sob os ensinamentos de Deus e, assim, o mundo seria bem melhor.
Onaldo Queiroga
[email protected]