Você pode até achar estranho alguém falar sobre a presença da ausência. Realmente é uma colocação impactante e que nos deixa em reflexão. Como entender? Pode parecer difícil, mas vivenciamos cotidianamente a presença da ausência.
Assistia a um documentário sobre Holocausto, quando num determinado trecho surge um senhor que quando criança fora levado com toda sua família para um campo de concentração. Em sua fala relatava, em tom muito triste, que ali seus pais e irmãos foram todos executados, somente ele havia sobrevivido. Em dado momento, perguntaram-lhe: Olhando hoje para o campo de concentração, vazio e silencioso, o que você tem a dizer? Com lágrimas nos olhos, ele respondeu: Vejo a presença da ausência! A ausência dos meus pais, irmãos e todos os amigos que aqui sucumbiram.
Naquele instante, percebi que a ausência se fazia palpável e profundamente estava presente no âmago daquele sobrevivente de um tempo cruel e que até hoje se apresente como um dos mais negros da história da humanidade.
Logo também veio ao pensamento: quantas vezes estive em locais que me fizeram sentir a presença da ausência de um passado próximo ou distante, de um tempo que fui feliz, ou mesmo, passei por dores?
Quantas vezes cheguei na casa dos meus avós maternos em Pombal e ali senti a presença da ausência deles, dos amigos de infância, do jogo de bola no quintal, das brincadeiras de pião, pega-bandeira, do café da tarde, sempre servido pela minha avó às 15 horas e do ouvir do apito da Brasil Oiticica. Sempre presenciaremos a ausência, seja com lembranças voltadas para a alegria ou para a tristeza, pois o importante é seguir em frente com a fé de viver dias melhor.
Liberdade PB