No futebol, normalmente, o pai cuida da carreira do filho. Não que na família Braga isto tenha sido exceção. Porém, atualmente, é Fabio quem auxilia Abel a definir o futuro, em um caminho inverso no mundo da bola que promete esquentar no final da temporada.
Esta nova fase, aliás, mexe com um dos treinadores mais renomados e cobiçados do Brasil. E, por tabela, com clubes grandes. Ao confirmar contatos de Flamengo, Santos e de um terceiro time que preferiu manter em sigilo, o agora empresário Fabio, um ano à frente da 7 Braga Sports, garantiu que Abelão voltará a trabalhar em 2019.
– Desde que ele saiu do Fluminense, surgiram propostas. Mas ele deixou claro que só voltaria a trabalhar em 2019. Por ele entender ser importante começar o projeto e respeitar o profissional que está no cargo. Posso garantir que o Abel, ao acabar o Brasileiro, vai assinar com um clube grande – disse Fabio, para completar:
– Do Flamengo, houve uma consulta. Mesma coisa do Santos, um contato. Não se falou em tempo de contrato , valores e proposta. Queriam saber como seria o ano. Teve ainda um terceiro time, que é melhor não falar o nome.
Abel deixou o Fluminense em 16 de junho. O pedido de demissão, algo raro na carreira dele, pôs fim a um desgastante momento: quase um ano antes, perdera o filho João Pedro – detalhe que ele tinha retomado o trabalho dois dias após o falecimento do caçula. Desde então, o treinador descansou e se dedicou à família.
– Esse período, após a saída do Fluminense, era necessário. Para a cabeça dele e para a família. Nos ajudou muito. Hoje ele está tranquilo, estamos ouvindo propostas e analisando. E não tem mais aquele negócio de que o Abel quer ficar no Rio – completou Fabio.
A vida de empresário
Com 26 anos, Fabio trocou o campo pelo escritório da empresa, que fica no Leblon. Ao lado do sócio, o advogado Lucas Trindade, se preparou para a nova vida. A dupla fez cursos e passou o ano fazendo contatos para ingressar no novo mercado. Com o foco na gestão de carreira, tem, além de Abel, clientes que variam do volante Edinho (atualmente no Ceará) e ao goleiro Marcelo Pitaluga (promessa do sub-17 do Flu). Recentemente, intermediou a vinda de Uribe ao Flamengo.
A mudança, apesar de precoce, foi planejada. Desde os tempos de volante, cujo auge foi o título brasileiro de 2012 no Tricolor, a ideia era trilhar o caminho de empresário. O último clube enquanto jogador foi a Ponte Preta – passou por América-RN, Coritiba e CSMS Lasi (Romênia).
– Durante a minha carreira, eu carreguei um peso por ser filho do meu pai. Isso me incomodava um pouco. Por eu carregar esse peso, por vezes, refletia dentro do clube. E, no ano passado, com a perda do meu irmão… Juntou as duas coisas. Naquele momento, senti que não podia abandonar a minha família. Eu já pensava em fazer isso, era o Plano B para quando encerrasse a carreira. Aí a gente só colocou no papel e tocou o projeto – contou Fabio.
Esta desconfiança, aliás, se manifestou no começo da carreira de empresário. Representante de João Carlos, centroavante contratado pelo Fluminense da Cabofriense no começo do ano, Fabio voltou a ouvir o que ouvia na época de jogador. Abel era o treinador tricolor na época.
– Ninguém sabe de como foi. O (Paulo) Autuori (diretor executivo do Fluminense à época) viu o jogador, o clube estava monitorando. O Lucas (sócio da empresa) é de Cabo Frio, acompanhou todo o Carioca. Foi uma negociação difícil, o Sampaio Correa, dono dos direitos e que emprestou o João para a Cabofriente, queria vender. Então, negociamos para levar ele para o Flu, que ficou com 50% dos direitos de graça. Agora, o João está em Portugal (no Portimonense), bem. É jovem e ambidestro e pode dar retorno.
Fonte: Globo Esporte