A principal índice de ações da bolsa brasileira opera em queda nesta quinta-feira (24), pressionado pelo recuo das ações da Petrobras, com os investidores reagindo mal à decisão da petroleira de reduzir em 10% o preço do diesel por 15 dias, em meio aos protestos de caminhoneiros no país.
Por volta das 12h08, o Ibovespa caía 1,76%, a 79.2446 pontos. Na mínima da sessão até o momento, o índice recuou 2,28%. Veja mais cotações.
Por volta do mesmo horário, as ações preferenciais da Petrobras (as mais negociadas e com preferência na distribuição de dividendos) despencavam 13,19%, enquanto que as ordinárias (que dão direito a voto em assembleias da empresa) caíam 12,27%. Quando a sessão foi aberta, os dois papéis chegaram a despencar mais de 13%.
Com o tombo, a Petrobras voltou a perder o posto de maior empresa brasileira de capital aberto em valor de mercado, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica. Por volta das 11h50, a Petrobras estava avaliada na Bolsa em R$ 290,9 bilhões, voltando a ser superada pela Ambev, com R$ 314,4 bilhões. A estatal tinha retomado o posto no dia 10 de maio, após mais de 3 anos, e chegou a superar o valor de mercado de R$ 350 bilhões.
Riscos de interferência política na Petrobras
Os ADRs, recibos de papéis da empresa que são negociados na Bolsa de Valores de Nova York, chegaram a cair 11,32% na véspera, para US$ 13,40, no chamado “after market” (período que sucede o horário regular do pregão), segundo o Valor Online, com os investidores temendo uma volta da ingerência política na empresa e um risco à gestão autônoma que vigora desde o início da presidência de Pedro Parente.
A Petrobras decidiu na quarta-feira reduzir 10% o preço do diesel nas refinarias em meio aos protestos dos caminhoneiros pelo país. “É uma medida de caráter excepcional. Não representa uma mudança de política de preço da empresa”, afirmou o presidente da estatal, Pedro Parente. A medida vale apenas para o diesel.
Segundo a estatal, a medida deve resultar em perda de R$ 350 milhões em receita para a companhia.
Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, citando preocupação com aumento dos riscos de interferência política na estatal. Entre as casas que rebaixaram a avaliação dos papéis estão Credit Suisse, Morgan Stanley e Itaú BBA, segundo a agência Reuters. “As regras do jogo mudaram” destacou o analista André Hachem, do Itaú BBA, que cortou a recomendação para ‘market perform’.
Cenário externo
Na visão do chefe da mesa de renda variável da CM Capital Markets, Fabio Carvalho, a percepção de risco com emergentes vem aumentando e, no Brasil, isso é potencializado pelo quadro eleitoral indefinido, o que abre espaço para incertezas sobre questões regulatórias que necessitam convergência política.
“Se havia dúvida de como o governo reagiria em algum momento de instabilidade, o que aconteceu com a Petrobras e também a Eletrobras nos últimos dias foi uma sinalização não acertada”, disse.
Dados sobre o fluxo para o segmento Bovespa também continuam mostrando saída líquida de capital externo. Até o dia 21, o saldo estava negativo em R$ 2,785 bilhões em maio.
Wall Street endossava o viés negativo no pregão brasileiro, com o S&P 500 em baixa de 0,7 por cento, tendo no radar decisão do presidente norte-americano Donald Trump de cancelar um encontro planejado com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un e com o recuo das ações de bancos e queda de preço do petróleo também pesando nos negócios.
Na véspera, a Bolsa fechou em queda de 2,26%, a 80.867 pontos, acumulando perda de 6% no mês.
Fonte: G1