Tenho visto muitos artistas nordestinos buscar em programas televisivos, de cunho nacional, a participação com o intuito de levar sua musicalidade e, assim, alcançar um espaço nacionalmente falando, ou seja, se tornar um artista conhecido em todo o país. Cantando o forró, o xote, o baião e outros ritmos nordestino, alguns conseguiram chegar as finais dos aludidos programas e até mesmo se tornarem figuras artísticas visíveis Brasil afora.
Porém, o que nos deixa triste é constatar o que vem acontecendo com alguns desses artistas, que após andar sob o som dos ritmos nordestinos e, agora, sob os holofotes da fama, passaram a se afastar das suas origens. Não é que devem ficar presos ao mundo musical nordestino, pois sabemos que eles são dotados de capacidade de compor e de interpretação musical que possibilita o surgimento de trabalhos culturais em outras áreas. Mas a história tem demonstrado que é preciso ser autêntico.
É preciso trilhar pelas veredas dos sons que foram matrizes do nosso caminhar. Luiz Gonzaga fez sua história sem se afastar de suas raízes. É bem verdade que ele compôs e cantou chorinhos, valsas, tangos, frevos, guarânias e muitos outros ritmos, mas, nunca deixou sua estrada maior, a música nordestina. Ele sempre será lembrado como cancioneiro do nordeste e, sua atuação nesses outros ritmos serão apenas detalhes enriquecedores da sua biografia.
Será ingratidão se projetar nacionalmente tomando por base uma história musical e, logo após subir degraus da fama colocar essa memória musical em segundo plano? Faz tempo que aprendi que devemos ser autênticos na vida. Devemos ser real, nos comportar sem deixar dúvidas de onde viemos, jamais negar as origens, ou, nos afastar delas, pois assim, corremos riscos de nos perder no caminho. Mas a vida é assim, muitas vezes é preciso se perder para darmos valor a autenticidade.
Liberdade PB