Centenas de manifestantes incendiaram nesta sexta-feira (7) o consulado iraniano na cidade de Basra, no Iraque, em meio a manifestações violentas durante as quais vários edifícios públicos foram atacados e 9 pessoas morreram nos últimos dias.
Milhares de manifestantes se reuniram em torno da representação diplomática, que ardia em chamas, do grande vizinho iraniano, uma potência ativa no Iraque.
Diante dos episódios de violência, o Parlamento iraquiano anunciou que vai se reunir com vários ministros no próximo sábado para abordar a crise social e de saúde em Basra.
Desde o início de julho, a cidade tem sido palco de uma série de manifestações contra a corrupção dos políticos e a deterioração dos serviços públicos, apesar de ser a região mais rica em petróleo do país.
Esta agitação social foi alimentada por um escândalo de contaminação da água que levou 30 mil pessoas ao hospital.
Desde terça-feira, os protestos diários e incêndios em edifícios públicos deixaram 9 mortes entre os manifestantes, de acordo com o chefe do conselho provincial para os direitos humanos, Mehdi al-Tamimi.
As autoridades decretaram um toque de recolher na quinta-feira à noite.
Paralisia política em Bagdá
Essa crise ocorre em um momento de paralisia política em Bagdá. Após longos meses de recontagem dos votos das eleições legislativas de maio, o Parlamento iraquiano não chegou a um acordo para eleger seu presidente em sua sessão de abertura na última segunda-feira.
Este anúncio foi feito poucas horas depois que três morteiros caíram na Zona Verde de Bagdá, onde a sede das autoridades iraquianas e a embaixada americana estão localizadas.
Moqtada Sadr, ex-chefe de milícia que se tornou defensor das manifestações anticorrupção, deu aos ministros e deputados um prazo para se reunirem até o domingo. Caso contrário, “que deixem seus postos”, ameaçou.
Pouco tempo depois, o primeiro-ministro Haider al-Abadi, que busca um segundo mandato em uma coalizão com Sadr, disse estar preparado para comparecer ao Parlamento.
Moqtada Sadr pediu a convocação de “manifestações pacíficas de indignação em Basra”, protestos que podem ser estendidos a outras cidades, durante o tradicional dia de mobilização da sexta-feira.
‘Negligência intencional’
Segundo o chefe do conselho provincial para os direitos humanos, Mehdi al-Tamimi, “as ruas de Basra se levantaram em resposta a uma política governamental de negligência intencional”.
Cansados de esperar por serviços públicos eficientes e pela destituição de autoridades corruptas, os moradores de Basra retomaram os protestos iniciados no início de julho.
Ocupações
Contando com as 9 vítimas registradas desde terça-feira, os protestos sociais que começaram em julho no país deixaram 24 mortos.
Em Basra, ativistas de direitos humanos acusaram as forças de segurança de abrir fogo contra os manifestantes, enquanto o governo culpou provocadores e disse que ordenou que as forças policiais não usassem balas reais.
Na quinta-feira, os manifestantes reunidos perto da sede do governo ocuparam outros lugares simbólicos, como sedes de partidos, ou de grupos armados.