São infinitas as perspectivas que possibilitam-nos vislumbrar o mundo. Aliás quantos mundos nossos olhos mortais já visualizaram e a cada instante, ainda, visualizam?
Numa época de poucos instrumentos de navegação, voar era sempre uma aventura, onde o piloto jamais sabia se chegaria ao destino planejado, por isso, queria eu ter voado tanto quanto Antoine de Saint-Exupéry e, do alto do céu, enxergar os desertos de águas oceânicas e as areias do Sahara. Lá de cima com seu pequeno avião, ele sentiu na solidão dos percursos o silêncio belo e enigmático da natureza, o que o possibilitou ter uma visão muito diferenciada da vida.
Muito além das nuvens, o distante olhar consegue avistar calmaria nas águas, mesmo quando elas estão em tormentas; consegue observar o estático, enorme e formoso tapete marrom da areia do Sahara, sem contudo, divisar tempestades que transmudam as dunas em meio ao calor. Ele tem ideia de tudo isso, tanto é que quando aterriza, seu olhar logo sente o reverso, sente a indiferença e a distância entre os homens, sem porém, perder o deslumbre da essência da vida, o amor. É a magia do olhar, que em sintonia com alma tem o dom de enxergar encantos onde paira o inóspito.
Inspirado nas visões de Antoine de Saint-Exupéry tão bem delineadas no Livro Terra dos Homens, o distante nos envia a um olhar desatento, mas reflexivo. Assim, as tragédias e imbróglios podem ser diluídos ao ponto de nos mostrar que a dor gera aprendizagens que norteiam a vida.
Comungo com ele a ideia de que: “Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo. Os homens compram tudo pronto nas lojas…Mas como não há loja de amigos, os homens não têm amigos”. É preciso olhar com o coração, só com ele se vê o amor!
Onaldo Queiroga
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