“Fomos um time experiente”. A frase que passou despercebida entre tantas nos mais de 40 minutos de entrevista coletiva de Jorge Jesus define bem o que levou o Flamengo aos 2 a 0 sobre o Internacional, na abertura das quartas de final da Libertadores. Some a isso duas características que chegam a reboque da experiência: paciência e eficiência.
Venceu o duelo da noite de quarta-feira no Maracanã a equipe que fez mais por onde. Disso não há dúvidas. E não estamos falando só pelos 70% de posse de bola, mais do triplo de passes trocados (488 x 134) ou as cinco chances claras contra uma. Por conceito de jogo, o Flamengo mostrou diante do torcedor ser uma equipe que joga futebol, enquanto o Inter tenta impedir que o adversário tenha êxito.
Com exceção de bolas esticadas para um Guerrero nervoso e amplamente dominado por Rodrigo Caio, o Colorado se limitou a defender e catimbar a maior parte do jogo. Quando esboçou colocar as mangas de fora, foi castigado. E por quê? Pela experiência, paciência e eficiência do Flamengo.
Mesmo com mais de 60 mil vozes empurrando nas arquibancadas, o time de Jorge Jesus não se deixou levar pela emoção. Buscou o ataque, sim, o tempo todo, mas de forma ordenada. E se era difícil furar a retranca gaúcha, tinha consciência de que o 0 a 0 não era tão ruim assim. Sofrer gol em casa era proibido.
O Flamengo em momento algum se mandou ao ataque. A todo instante procurou espaços, procurou trabalhar as jogadas, procurou ditar o ritmo de um jogo que se não era ao seu feitio também não era perigoso. Característica de uma equipe madura – vital para um mata-mata.
Fosse no primeiro tempo com um baleado Arrascaeta ou no segundo com um acelerado Gerson, o Flamengo repetiu uma característica que já tinha ficado evidente no clássico com o Vasco: manter consolidada a estrutura coletiva para quando o talento individual pudesse entrar em ação. E assim foi.
O relógio já passava dos 70 minutos, e Odair Hellmann acreditou demais que tinha o adversário controlado. Lançou Wellington Silva e Nico Lopez, saiu para jogar, e deu o que o Flamengo esperava e precisava: campo.
Toques rápidos e verticais abriram o jogo e furaram a defesa há 500 minutos invicta. Filipe Luís, Éverton Ribeiro, Gabigol, Gerson… Todos tiveram participações importantes nos dois gols de Bruno Henrique com a mesma característica: o passe rápido e para frente.
O Flamengo de Jorge Jesus a cada dia dá mostras de evolução. O time intenso (maior cobrança do português) aprendeu a ser experiente, paciente e eficiente. O Inter sentiu na pele e terá que quebrar a cabeça para elaborar uma estratégia se quiser dar a virada na quarta que vem, no Beira-Rio.
Sem poder sofrer gol e tendo que tirar desvantagem de dois, o Colorado tem pela frente um adversário que aprendeu a se moldar durante os jogos, mas sem perder a característica ofensiva. É uma espécie de “se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come”.
Fonte: Globo Esporte