O presidente francês Emmanuel Macron fez um discurso televisivo nesta segunda-feira (10) às 20h, onde respondeu às reivindicações dos manifestantes “coletes amarelos”. O chefe de Estado fez anúncios importantes, como um aumento de € 100 no salário mínimo, e se recusou a voltar atrás em sua decisão de abolir o Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna (ISF).
“A partir de agora, a calma e a ordem republicana devem reinar”, disse Macron em seu discurso, que começou em tom rígido, de forte crítica às violências e degradações dos últimos dias. Ele reiterou, no entanto, que quando abordava o “comportamento inaceitável” de alguns, não se referia à raiva “da mãe solteira ou divorciada” sem recursos, que ele afirmou “compreender”.
Macron também pediu desculpas por ter “ferido algumas pessoas” com suas palavras e por ter dado a impressão de “ter outras prioridades”. “Assumo minha responsabilidade”, declarou.
Decretando um estado de emergência “econômica e social” na França, Macron fez um dos anúncios mais importantes da noite: um aumento de € 100 euros no salário mínimo (aproximadamente R$ 400), que atualmente é de cerca de € 1200 (em torno de R$ 5000), sem sobrecarregar os empregadores.
Além disso, o aumento no imposto chamado de Contribuição Social Geral (CSG) foi anulado para os aposentados que recebem menos de € 2000. “Queremos uma França onde podemos viver dignamente de nosso trabalho. Vou pedir ao governo e ao Parlamento que façam o necessário para que possamos viver melhor de nossas atividades a partir do começo do ano que vem”, disse o presidente.
Fim do imposto para os mais ricos
Macron não quis, no entanto, voltar atrás em sua decisão de pôr fim ao Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna, uma das principais demandas dos “coletes amarelos”. “Durante 40 anos, o imposto existiu, mas vivíamos melhor? Os mais ricos iam embora e o país ficava mais pobre. O ISF ajuda a criar mais empregos”, argumentou, ressaltando que os empresários franceses deverão “pagar os impostos na França”.
O presidente francês terminou seu discurso fazendo um apelo à discussão nacional. “Essas reflexões pedem um debate sem precedente. Esse debate deve ocorrer por toda a parte. Vou me encontrar com os prefeitos de cada região para conduzir um novo contrato para a nação”, prometeu.
Fonte: RFI