Parece que foi ontem, mas não foi. Lá estava eu de férias em Pombal na casa dos meus avós maternos. Logo que amanhecia eu ficava debruçado na janela frontal da casa e olhava à Rua.
Eu via Maria de Biró (mãe de um dos meus amigos de infância – Cláudio), sair de sua residência em direção ao seu restaurante. Muitas vezes ela acenava para mim e dizia: “Naldinho, daqui a pouco venha acordar o seu amigo Cláudio”. E lá ia Maria, devagarzinho, com passos lentos, falando com um e com outro até o seu restaurante, que ficava na esquina do Mercado Público. Cláudio era o caçula. Após acordá-lo, eu o acompanhava até o restaurante.
Nos dias de feira, eu saboreava a boa comida e o convívio dos homens da roça, que muito me ensinaram. Maria, nunca teve medo do trabalho, lutou muito para criar e formar os seus quatro filhos. Hoje todos concluíram os seus cursos, são médicos e advogados. Ela viveu sua juventude no sítio da Cachoeira e, ali, conheceu seu eterno amor – Biró Beradeiro. A moça cumpriu uma tradição sertaneja, com Biró fugiu e em outubro de 1946 formalizou o matrimônio.
Sentado na mesa da cozinha, saboreando seu suco de laranja com leite e um pãozinho com queijo de coalho, eu ficava ouvindo seus conselhos. Falava-me como se fosse minha mãe. Ali comecei a ouvir forró pé-de-serra, pois Biró ouvia a sanfona de oito baixos. Ali conheci o violão de Sales de Biró, hoje médico e advogado, mas músico por excelência. E os discos de Birozinho? Além de médico sempre conhecedor da boa música. Foi através dele que conheci o Scorpions, Elton John, Yes, Queen, Bread etc. Cláudio, esse um amigo/irmão das gavetas da infância e que perdura.
Aos 90 anos, Maria de Biró mostra o caminho da vitória. Seu coração sempre buscou em Deus a vereda correta a ser seguida e, que o Senhor continue te abençoando!
Liberdade PB