O eu é um universo sem fronteiras, de infinitos segredos, mistérios, muros, angustias, egoísmos, invejas, sonhos, amizade e amor.
O coração irriga o cérebro, que viaja em pensamentos insondáveis, mas que em determinadas horas se revelam em atos e em outros em omissões. Podemos dizer que quando o medo habita o eu, o fracasso torna-se iminente, afastando a coragem. Quando os muros habitam o eu, o perdão é relegado, o coração fica frágil, sem espaço para a solidariedade. Quando a tentação se faz presente no eu, os pecados se multiplicam, traições e corrupções se tornam visíveis. Quando a inveja se faz presente no eu, os fardos se elevam de peso.
No eu existem pântanos e desertos, encontros e desencontros, esquinas da escuridão e da fé. Também os mistérios dos sonhos, das visões e das sombras. A maldade impõe o sofrimento. Há, ainda, o pavilhão do egocentrismo, onde os outros não existem, pois o que interessa é a satisfação do ego. Mas na terra do eu também existe o rio da perseverança, que rompe desfiladeiros e nos braços da correnteza vence léguas e mais léguas, para no final abraçar o mar. No eu os segredos são tesouros guardados a sete chaves, alguns provocam a barragem das lágrimas, umas tristes e outras filhas da alegria, além das do silêncio de um gostar platônico.
No reino do eu, o amor é o rei. Com suas regras administra o existir, ora em consonância com a razão, ora atropelando a normalidade. O amor é quem comanda. Quando ausente, o eu fica sem norte. O eu é poético, em soneto externa sua visão diferenciada sobre o existir. O material pouco importa, pois poeta é um viajante da nave ilusão, de vôos pelos sonhos inimagináveis. Ele é filho da lua e do violão. Nele, Deus instalou o discernimento. Ele tem enigmas, tantos quantos guardam as profundezas oceânicas. Diante de tudo isso, é de se indagar: O que seria do homem sem o eu?
Liberdade PB