Novembro é o mês da consciência negra. Dentro dessa temática, traremos hoje uma reflexão sobre esse grave problema enfrentado pelo Brasil nos dias atuais. A princípio, é importante afirmar que levando em conta o tempo na história o evento da abolição da escravidão no nosso país, ocorrido em 1888, pode ser considerado um ato ainda muito recente e nesses 133 anos ainda não foi possível apagar essa inconsequente exploração do homem pelo homem sob os grilhões da segregação. Apenas para nos situarmos, o Brasil foi o penúltimo país no mundo a abolir legalmente a escravidão, o último foi Macau, no continente asiático.
Mas, afinal, o que é racismo institucional? Como ele se apresenta? O racismo institucional é a desigualdade de tratamento que os negros recebem em relação aos brancos dentro de uma instituição. Lógico que estamos falando de um problema que nasce do racismo estrutural baseado numa conjuntura social de discriminação em que se privilegiam pessoas em detrimento de outras em razão da cor da pele.
Sabemos que historicamente a população negra teve menos acesso à educação, tanto por questões financeiras como de oportunidades. Outro dia, eu estava refletindo sobre o tema e tomei por exemplo que durante toda a minha vida nunca fui consultado por um médico negro. Como sabemos, o curso de medicina é um curso voltado a elite onde o negro tem sérias dificuldades de acesso. É verdade que houve um pequeno avanço nessa área. Em 2019 o IBGE apontou que a proporção de jovens negros entre 18 e 24 anos no ensino superior passou de 50,5% em 2016 para 55,6% em 2018. Apesar do aumento da presença negra nas universidades o acesso aos cursos de elite ainda é muito dificultoso, mas não é impossível, o negro, o pobre, precisam desafiar o sistema para chegar onde a maioria da cor branca predomina.
O racismo institucional pode acontecer de diversas formas dentro das empresas e instituições. As diferenças raciais podem começar nas entrevistas de emprego, na diferenciação de salários, na divergência de atribuição de tarefas entre os contratados e etc. O Brasil é um dos maiores produtores de telenovelas no mundo mas em suas produções o papel do negro, quase sempre, é sempre de subserviência.
Na esfera legal o Brasil tem dado sinais de avanços nesse campo mas compreendo que o racismo institucional não se resolve apenas com a criação de leis e estatutos. No último dia 28 de outubro, o STF decidiu que, assim como o crime de racismo, a injúria racial também é imprescritível, ou seja, não depende de prazo para efetiva punição.
Como já dito, a letra fria da lei não resolverá sozinha o problema do racismo no Brasil. É preciso que as instituições e a sociedade passem a compreender essa prática como algo inaceitável, criando uma cultura de inclusão, abrindo o debate do racismo com os colaboradores, realizando um recrutamento que preza pela diversidade racial, investindo na formação de lideranças negras e criando comitês sobre a diversidade.
Precisamos reeditar a Lei da abolição da escravidão todos os dias.
Teófilo Júnior