O Tenente Marcílio Pio de Queiroz Chaves foi, indubitavelmente, um dos mais representativos integrantes da briosa Policia Militar do Estado da Paraíba. Nascido em João Pessoa, em 11 de dezembro de 1937, ele ingressou na Polícia em 1956, com 19 anos incompleto.
Veio assumir a função de delegado aqui em Pombal, onde contraiu matrimônio com a jovem Maria Vânia de Assis, de tradicional família da cidade. A partir de então, adota Pombal como sua segunda cidade. Nas eleições municipais de 1963, se candidata ao cargo vereador pela UDN, cuja chapa majoritária é composta pelos irmãos Chico e Paulo Pereira, candidatos a prefeito e a vice-prefeito, respectivamente.
O PSD apresentou duas chapas, constituídas pelos candidataria a prefeitos chapa os médicos Dr. Avelino Elias de Queiroga e Dr. Atêncio Bezerra Wanderley, tendo como vices Nelito Silva e Odilon alopres, respectivamente. Marcilio Chaves foi eleito com uma expressiva votação. Naquela época, os votos para prefeito e vice-prefeito não eram vinculados. Venciam os que fossem mais votados. Assim, a majoritária foi vencida por Dr. Avelino (PSD) para o cargo de Prefeito e Pereira (UDN) para Vice-prefeito.
Na disputa das eleições municipais de 1976, quando os partidos podiam apresentar até três chapas, o coronel Marcilio foi candidato a Prefeito de Pombal. Naquele época, tempo do bipartidarismo imposto pela ditadura militar, cada partido poderia apresentar até três candidatos para a disputa da majoritária municipal. O coronel Marcilio encabeçou a chapa da ARENA, tendo como vice o professor Renan Licarião.
A capa da Arena 1 foi composta por Paulo Pereira e Aureliano Ramalho, enquanto que Elry Medeiros e Antônio Santana saíram pela Arena 2. O MDB apresentou duas chapas, sendo uma composta por Dr Atencio e Geraldo Bezerra (Gegê) e a outra por Dr. Raphael Carneiro Arnaud e Pedro Celestino Dantas (Pedão). O empresário Paulo Pereira e o agropecuarista Aureliano Ramalho foram os vencedores da disputa.
Sua vida militar, iniciada em 1956, foi coroado por uma carreira exitosa. No início de 1958, concluiu o curso de Formação de Oficiais. Neste mesmo ano foi Aspirante a Oficial e 2º Tenente. Em 1964 já era Capitão e no ano seguinte fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na Polícia Militar de Minas Gerais. Foi promovido a Major em 1968 e a Tenente Coronel em 1973. Concluiu o curso de Direito, em 1978, mesmo ano em que alcançou o Posto de Coronel. Completado os trinta anos de serviço e oito anos no posto de Coronel, passou para a reserva remunerada em 1986.
Ocupou outros importantes cargos, sejam eletivos, sejam de livre nomeação, como por exemplo: vereador em Pombal e em João Pessoa, Diretor Legislativo da Câmara de Vereadores de João Pessoa, , Comandou o 1º Batalhão da Polícia Militar, foi Diretor do Detran, Subcomandante Geral e Diretor de Apoio Logístico, Presidentes Beneficente de Oficiais e Praças da PM dos Bombeiros e Oficiais.
Tive a grata satisfação de conhecê-lo pessoalmente no Bar de Chico Lou, local que ele sempre frequentava quando estava em visita a Pombal. Homem de papo agradável, me tratava com um apreço especial, principalmente quando soube que eu era filho de Felix. “Seu pai foi um grande amigo, uma pessoa extremamente bondosa. Uma das melhores almas que conheci em minha vida”, disse-me ele. E eu sorrido lhe respondi: “Tenente, esse seu depoimento prova que o senhor o conheceu mesmo”.
O Tenente Marcílio era um personagem do seu tempo, um autêntico acervo vivo da história policial e política da Paraíba. Ele esteve presente em momentos importantes e sabia muito dos acontecimentos de bastidores. Conversamos sobre acontecimentos políticos de Pombal e da Paraíba. Na parte policial, me chamou a atenção a sua versão sobre o misterioso “Crime de Praia Formosa”, acontecido em 1977, em Cabedelo, no qual foi vitima o jovem Paulinho Maia, cujo assassinato suscitou outras mortes.
Hoje, aos 80 anos, o coronel Marcilio Chaves deixou a vida, entretanto permanecerá o seu legado de ética, honradez e sobretudo de espírito público.
José Tavares de Araújo Neto