O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) expressou, ontem e pela primeira vez, discordâncias da postura adotada pelo governador João Azevêdo (PSB), como modo que seu sucessor tem conduzido a relação com o G-10 na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), agrupamento de parlamentares da base governista, mas intitulado de independente, assegurou que as obras em andamento e que estão sendo inauguradas são fruto do seu trabalho nos últimos oito anos e enfatizou que fez “pouquíssimas” indicações ao primeiro escalão da atual gestão. Ricardo foi homenageado em Cajazeiras e na Câmara Municipal prestou entrevista coletiva transmitida por emissoras de rádio da cidade.
Coutinho previu uma “situação ruim” como resultado da forma como o governo tem se relacionado com o G10: “Eu acho que essa coisa vai terminar em uma situação ruim, terá atritos cada vez maiores, mas eu não sou governante, se eu me visse nessa situação, gostaria de ter uma definição: quem está com o governo e quem não está”, avaliou.
Ricardo Coutinho negou que tenha interferido na formação do secretariado de Azevêdo. Para Ricardo, o time formado “era gente que era fundamental para segurar o estado, para ter solução de continuidade”. Ele admite que fez “pouquíssimas indicações” onde havia, segundo ele, “resistências”.
“Eu não fiz indicação, fiz pouquíssimas onde haviam resistências, não vou citar nomes, mas alguém já citou por aí. O restante era gente que era fundamental para segurar o estado, para ter solução de continuidade. Ah, se eu pegasse um estado com R$ 300 milhões em caixa livre. Ah, se eu pegasse sem um monte de problemas e tendo que pagar muita conta”, afirmou.
Ricardo Coutinho faz referência ao que disse a deputada estadual Cida Ramos (PSB), na semana passada ao blog do jornalista Heron Cid, quando afirmou que o secretário chefe do governo, Nonato Bandeira, faz parte de uma segunda categoria da gestão, que são eventuais indicados por Ricardo, apesar de “resistências” internas.
Ricardo disse que está à disposição de João Azevêdo, mas com uma ressalva: desde que o projeto do PSB à frente do governo da Paraíba seja preservado. Coutinho ressaltou que pelo projeto abriu mão de ter um cargo [eventualmente o de senador nas eleições de 2018].
“Entregamos o estado redondinho. Minha logica é: o governo governa e se precisar de alguma coisa estou à disposição, desde que o projeto seja mantido. A manutenção é algo para mim importantíssimo. Pelo projeto abrir mão de ter um cargo. O projeto tem caminhos, tem história, tem caminhada. Ninguém começou nesse trimestre ou quadrimestre, entrando no quinto mês com redução de homicídios, isso não começou agora, começou em 2011, se não tivéssemos feito os investimentos que fizemos, jamais teríamos atingido sete anos ininterruptos de redução de homicídios na Paraíba. Aconteceu por conta disso. As obras que estão sendo inauguradas foram obras que comecei e dei gás para poder colocar a economia para cima e estão terminando agora. São obras que continuam vindo da época que governei. Não cabe nenhum tipo de intervenção, cabe a mim ficar mais calado do que falando”, declarou.
Ricardo Coutinho manifestou insatisfação com o modo que o governador João Azevêdo tem conduzido a relação com o G-10, agrupamento de parlamentares governistas, mas intitulado de independente.
O ex-governador lembrou que durante o seu primeiro mandato a frente do Palácio da Redenção, encontrou resistências, entretanto, manteve sua postura. “Eu tive um primeiro mandato profundamento tumultuado, em minoria na Assembleia, mas eu não abrir. Eu disse: vou até o fim desse jeito, porque tenho que ir. Não posso ter uma postura que inviabilize a Paraíba. Vou apostar no povo. No segundo mandato teve uma mudança qualitativa muito grande. A Assembleia passou a construir esse negócio. Nem ele [apontando para o deputado federal Gervásio Maia, então presidente da Assembleia], nem eu, colocamos a faca em ninguém. Nós conformamos uma corresponsabilidade, eu acho que muito disso depende do governo dizer aquilo que é e como quer”.
Para Ricardo, João tem que governar com quem é governo e fez uma previsão, caso seu sucessor não tome uma posição mais enérgica.
“O governo tem que dizer se aceita ou não. O governo tem que agir deixando claro que não aceita. Tem que governar com quem é governo. Porque tenho certeza que a maior parte do G-10 haverá de se alinhar ao governo incondicionalmente. Um ou dois é quem estão mantendo aquela estrutura. A maior parte se alinha porque foram eleitos pelo governo. Quando subdivide eu não sei, eu acho que essa coisa vai terminar em uma situação ruim, vai ter atritos cada vez maiores, mas não sou governante, se eu me visse nessa situação, gostaria de ter uma definição: quem está com o governo e quem não está”, completou.
Fonte: Mais PB