Certo dia, sentados nas margens de um açude um velho sertanejo e uma criança, seu neto, conversavam sobre a vida. O velho, então, diante de sua experiência falou para o menino: “Na vida você encontrará pessoas sem palavra. Os que elas falam não se escreve e, como diz o dito popular, a palavra dessas pessoas são como riscos n’água”.
Nessa hora, o menino indagou: Como assim? Riscos n’água? Com o intuito de demonstrar ao neto suas colocações, então, o velho, pegou um graveto e fez riscos n’água. O neto, logo fez uma observação: “Vovô, pelo que vejo não adianta riscar sob a superfície das águas, pois de imediato o que ali se riscou desaparece”. O velho sorriu e exclamou: “Fiz isso para mostrar que os riscos feitos n’água desaparecem instantaneamente, ou seja, são como as palavras daqueles que não possuem caráter. Não tem crédito algum”.
Verdade e triste ao mesmo tempo. O fato é que cada vez mais visualizamos como é crescente o número de pessoas que com o intuito de alcançar seus objetivos são capazes de tudo e, com isso, terminam adotando a mentira como mecanismo prioritário no caminhar. Tal aspecto termina por gerar seres com total descrédito, ao ponto de suas palavras serem comparadas aos riscos n’água.
Mas não vamos tornar os riscos n’água em algo visto só como coisa ruim. Eles podem ser usados como caminho que a poesia entende como meio de dias melhores e reais. Como diz o poeta Carlos Rodolfo Stopa, em texto postado no www.recantodasletras.com.br : “… Eu risco n’água a loucura de um desejo inalcançável, pois sei que a água, ao apagar os meus riscos, guardará os meus segredos… ocultará o ridículo fracasso da tentativa! Risco sim… só para ver a superfície líquida desmanchar tudo numa lisura absurda, como se nunca tivera acontecido?
Riscos n’água devem ser usados para o bem, nunca para permitir que pebas nos levem para buracos espúrios. Fiquemos atentos.
Liberdade PB