Acostumado com a frenética movimentação diária de carros e pessoas se misturando pelas ruas, sai nesse tempo de pandemia, guiando meu veículo por ruas desertas, senti o silêncio e o vazio da incerteza. Ao olhar o horizonte despovoado, com asfalto, calçadas e nenhum transeunte visível, a espada do medo me tocou.
É um tempo estranho. Deixa-nos confusos e vulneráveis. Os dias são iguais, por isso, muitas vezes pensamos que sempre estamos vivendo o domingo. A rotina do isolamento mexe com o labirinto da consciência.
Acordamos, nos alimentamos, trabalhamos home office, nos alimentamos, assistimos a tragédia interminável anunciada pela imprensa televisiva, realizamos tarefas domésticas, nos alimentamos, perdemos o sono, lutamos contra a insônia, até que adormecemos. E aí, quando acordamos, tudo começa novamente, muitas vezes até mesmo quando o sol por horas já nascera em um novo dia.
Quando saímos de casa, máscaras e até, em algumas vezes, uma tela de acrílico protegendo todo o rosto. Nas mãos passamos continuamente álcool gel. Retornando para o isolamento do lar, é preciso lavar tudo e tomar banho.
É uma rotina de guerra. Sim, apesar de não existirem soldados armados, aviões, tanques, navios e submarinos com suas munições destruindo seus alvos, vivemos sob a mira invisível de um vírus mortal. Será que estamos vivendo a terceira guerra mundial? É provável! É a tirania biológica que vem atacando e fazendo vítimas,independentemente, de classe. Pobre, rico, negro, branco, pardo, índio, não interessa, o COVID-19, sem pedir licença invade e, quando não mata deixa traumas incalculáveis.
O maldito vem desenhando coisas que eram ditas como inimagináveis perante a visão do homem. Como diz o amigo José Vieira Neto, as novelas globais estão sendo reprisadas, pois as que estavam em exibição saíram do ar. As metrópoles do mundo estão sob um vazio apocalíptico. Quase tudo parado.
Seja no isolamento de casa, ou mesmo, no do transitar pelas ruas, o silêncio e o vazio são profundos, pois reflete uma poeira assustadora e, quem não for forte pode ser levado às fraquezas do espírito. O pior é que não sabemos até quando teremos que conviver com esse execrável vírus.
É preciso caminhar olhando para frente. Orar e jamais esquecer que Deus proverá a normalidade no tempo Dele. Com tanta dor e incertezas, o homem precisa tirar lições de tudo isso, para no pós pandemia saber da imperiosa necessidade de viver na solidariedade, no amor e na paz.
Liberdade PB