29 de janeiro de 2020. A professora Terezinha Almeida, juntamente com uma irmã, freta um táxi e se dirige a Juazeiro-CE para uma consulta médica. Naquela comuna, o automóvel apresenta problemas e é conduzido a uma oficina. As passageiras aguardam o conserto em um restaurante. Com o passar do tempo, sem solução de continuidade, Terezinha resolve ir a procura da oficina. Câmeras de lojas registram seus passos por aquelas ruas. São as últimas imagens da nossa professora.
Das facetas que a vida nos impõe, a incompreensão é a que nos parece, juntamente com a incerteza, as que mais inquietam o coração do homem. A não aceitação e a incompreensão das coisas que não podemos mudar nos sentencia com uma perturbadora intranquilidade. A incerteza, cruel e devastadora, nos expõe ao abismo da dúvida desapropriando convicções e interferindo em nossa confiança.
Confesso que muito me custa escrever essas palavras. É imperioso atestar que desde o trágico desaparecimento da nossa querida e amada professora Terezinha Almeida, ocorrido há mais de dois anos, na cidade de Juazeiro-CE, a incompreensão e a dúvida têm me acompanhado nesses longos dias de ausência e de saudade.
Ainda custa-me crer em tão fatídico “destino”. É insólito que uma frágil Senhora septuagenária desapareça feito fumaça nas ruas daquela cidade cearense, sem deixar pistas, sem deixar testemunhas, vestígios ou indícios de seu paradeiro ou o que lhe teria acontecido. Apesar dos esforços das autoridades policiais e da família, a verdade é que até hoje, nada se sabe verdadeiramente de concreto a despeito de onde possa estar ou o que tenha sucedido com a Professora Terezinha.
A literatura policial é sobeja em afirmar que não existe crime perfeito. Tomando por parâmetro a possibilidade da ocorrência de um possível crime perpetrado contra a professora e, passados mais de dois anos, igualmente sem pista alguma, é necessário dizer que se não há crime perfeito, a literatura policial, igualmente, também é farta em sustentar que há sim crime mal investigado. A abdução, o teletransporte e a viagem no tempo, por enquanto, só existem na ficção.
Buscas e investigações realizadas, todas já encerradas sem construção de nenhuma linha de convicção sobre o misterioso desaparecimento da nossa professora, constrói na família e em todos nós um sentimento de dor interminável alimentado pelo enigma atroz.
Trago à baila a questão por que entendo que precisamos alimentar a convicção da presença da querida professora entre nós e entre os seus familiares. Tê-la na lembrança é, sobretudo, um ato de resistência, de mantê-la viva, um pedido de socorro forjado na mais profunda dor de nossa alma, porque sabemos que só se morre no esquecimento.
Dizem que a esperança é a última que morre; nesse caso, acredito que a esperança nunca morrerá, ela cuida de nos manter vivos sempre à espera da nossa professora, atentos e apostos, como numa sala de aula, aguardando sua interminável lição!
Teófilo Júnior