O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB), Raoni Lacerda Vita, determinou nesta terça-feira (28) a abertura de inquérito civil para investigar suposta fraude nos resultados de partidas no Campeonato Paraibano. A decisão foi tomada após áudios vazados pelo presidente do Sousa Futebol Clube, Aldeone Abrantes, denunciarem suposta tentativa de cooptação do clube para a combinação de resultados.
Alguns áudios com os supostos organizadores das apostas foram compartilhados através de aplicativo de troca de mensagens. As falas de duas gravações dão a entender que havia uma tentativa de manipular o resultado de Sport-PB x Sousa. Aldeone Abrantes é citado em ambos os áudios. Em um deles, é citado como o “cara que mais fez falcatrua na história do nosso futebol” e que agora está dando “uma de bonzinho”.
Áudio 1
“A gente ia trabalhar nesse jogo bem direitinho. Ele ia botar um dinheiro na banca. Ele me procurou e tinha muita gente interessada. Mas o Aldeone Abrantes, querendo dar uma de honestão… um cara que mais fez falcatrua na história do nosso futebol, tá pagando de certinho, cuspindo no prato que comeu”.
Áudio 2
“Deu errado, viu? O placar da partida era para ser 3 a 0 para o Sousa. Tava tudo planejado. Procuramos o Aldeone e ele não aceitou a nossa proposta. Ia sair R$ 20 mil para o Sousa. Eles iam vencer por 3 a 0. Várias e várias foi ele quem nos propôs esquema no futebol paraibano. Aí agora vem dar uma de bonzinho”. O jogo terminou 1 a 0 para o Sousa.
O autor dos áudios não foi revelado, mas, de acordo com Aldeone Abrantes, há imagens do suspeito que facilitariam a identificação.
As revelações lançaram suspeitas sobre supostas combinações de outros resultados. A presidente da Federação Paraibana de Futebol, Michelle Ramalho, enviou ofício ao TJDF com solicitação para que o caso fosse investigado. A combinação de resultados serviria para favorecer apostadores em sites especializados em apostas destinadas a adivinhar os placares dos jogos de futebol.
No despacho, o presidente do TJDF cita a necessidade de se esclarecer as supostas irregularidades. O prazo dado para que a investigação seja concluída pela auditoria é de quinze dias. A investigação tem caráter sigiloso, de acordo com determinação do presidente do TJDF.
Esta é a segunda denúncia relacionada a irregularidades para a combinação de resultados no futebol paraibano. A último dizia respeito à compra de árbitros para definir o resultado das partidas. O caso resultou na Operação Cartola, desencadeada pelo Ministério Público da Paraíba. O caso foi apurado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
Fonte: G1PB