Não sou mais o Teófilo de antigamente. Os anos afloraram minhas emoções e somada a recuperação da SARS-CoV-2, sinto-me impossibilitado de participar, presencialmente, das exéquias da querida Célia Maria Araújo de Sousa Silva.
Sabe, amiga, nunca imaginei estar hoje aqui escrevendo essas palavras em sua lembrança e homenagem. Decerto, nas longas reuniões de nossas famílias, em minha calçada, não havia previsão para este doloroso momento. Mas, é a vida, essa sucessão de momentos que constrói a nossa história, do nascimento à nossa partida. A vida é essa circunstância que, às vezes, nos pega de surpresa. Sinto, por isso, a necessidade de reconhecer que a nossa vida é o agora, o nosso atual momento. “Deixar o abraço, o beijo ou perdão para amanhã pode ser tarde demais”. Ouvi isso tantas vezes da nossa querida Célia.
Há ocasiões na vida em que o silêncio e a dor exprimem mais que as palavras, mas se mesmo assim em momentos como este elas teimam em serem ditas ou escritas é que registros precisam serem feitos; e reconhecimentos precisam serem ditos.
Construí ao longo dos anos uma amizade de irmão com Célia, fruto de uma forte identificação entre nossas famílias, dividimos momentos bons em viagens de férias e também compartilhamos momentos não muito bons. Assistimos nossos filhos nascerem e crescerem, alimentamos uma amizade que posso dizer que alcançamos a condição de irmãos.
Talvez por isso, o momento seja tão difícil. Não é fácil traduzir os sentimentos da alma, sobretudo quando se quer bem. E nesse sentido, essa intervenção não tem o destino das palavras que o vento leva ou que o coração não escuta. Atribuo este momento a mais uma de nossas tantas reuniões de fim de tarde em que você, de repente, de inopino, levanta-se e parte mais cedo, sem nos avisar, ao encontro do pai, na morada celestial.
E como é difícil exprimir quem foi *Célia* em tão breves linhas. Contudo, aqui, há de ficar ao menos o testemunho da construção de sua história em seus breves 56 anos, da sua dedicação de mãe, de amiga, do cuidado com a sua mãe (D. Lica) e de sua presença como esposa de Paulo.
Certamente que a morte não é o fim e acredito que ninguém morre completamente. Somos a memória que deixamos no outro, o bem que fazemos, os sorrisos que arrancamos, o espírito positivo que espalhamos onde quer que entremos. Somos o amor que damos ao outro. Somos a tolerância que lhe depositamos, a mão estendida e o perdão. Repito: somos a memória que criamos no outro.
A saudade e a sua ausência física entre todos nós certamente será sentida mas não será suficiente para dizer que a morte venceu a vida. O que você foi e representa viverá impregnado no testemunho de seus filhos, Vinícius e Maria Paula, no sentimento de seu esposo Paulo e na saudade de seus irmãos, familiares e amigos.
O que nós somos é um presente da vida para nós. O que nós seremos é um presente que damos à vida. A morte, repito, não é o fim. Haveremos de nos encontrar um dia!
Receba a nossa homenagem Célia.
Recuso-me a vê-la imóvel nesse ataúde. Guardaremos como lembrança o seu sorriso contagiante e o seu ombro amigo como amparo.
E, apenas para finalizar, em nome de toda a família, agradecemos as condolências e as mensagens de solidariedade que nos chegaram durante o curso desse doloroso transe que se abateu sobre todos nós.
Que Deus nos abençoe e conforte a todos!
Do seu amigo e irmão,
Teófilo Júnior