Cerca de 180 cidades de 25 Estados e o Distrito Federal registraram protestos nesta 6ª feira (14.jun.2019) contra a reforma da Previdência, o contingenciamento na educação e a atuação do ex-juiz e atual ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) na Lava Jato. O balanço (eis a íntegra) foi feito pela FSB Inteligência.
Segundo o balanço, a greve não foi geral, mas houve comprometimento de parte dos serviços essenciais, como o de transporte público.
As capitais brasileiras com maior mobilização foram São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Natal, Teresina, Maceió e Recife.
O movimento foi liderado e organizado pelos seguintes movimentos e instituições: Força Sindical, UGT (União Geral de Trabalhadores), CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes), CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), CTB, CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Nova Central, Conlutas, SindMotoristas, Intersindical, CSB (Central Dos Sindicatos Brasileiros), Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Participaram da greve classes de trabalhadores dos setores bancários, rodoviários e metroviários, além de professores da rede de ensino público.
De acordo com o balanço, na mídia, a cobertura da greve foi dividida com a repercussão da leitura do relatório da reforma da Previdência e os desdobramentos sobre a demissão do general Santos Cruz da Secretaria de Governo.
Segundo a FSB Inteligência, a percepção de que a greve não “pegou” predominou ao longo do dia nas TVs e nos veículos on-line. Termos como “pontual” e “parcial” foram utilizados com frequência para descrever o protesto.
Outro estudo da FSB Inteligência (eis a íntegra) aponta que no Twitter predominaram as hashtags #GreveGeral (96 mil tweets), #Dia14BrasilTrabalha (70 mil tweets) e #GreveGeral14j (19 mil tweets) em torno do assunto.
Já no Facebook, foram mais de 13 mil postagens e 209 mil interações em torno da greve geral.
Eis abaixo como foram as paralisações nas principais cidades do país:
BRASÍLIA
Desde o início da manhã desta 6ª feira (14.jun), ônibus pararam de circular na capital do país. O DFTrans (Transporte Urbano do Distrito Federal), autarquia responsável por controlar e avaliar o transporte público, estima que todo a categoria paralisou.
O Metrô-DF funcionou de forma reduzida. Funcionários estão em greve há 46 dias. Uma liminar do TRT-DF (Tribunal Regional do Trabalho do Distrito Federal) obriga 1 percentual mínimo de trabalho. Segundo o SindMetrô-DF (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal), a decisão judicial está sendo respeitada.
A Rodoviária do Plano Piloto amanheceu sem ônibus em dia de greve geral.
As aulas nas escolas públicas também foram impactadas pela paralisação. Segundo o Sinpro-DF (Sindicato dos Professores no Distrito Federal), cerca de 70% dos professores aderiram ao movimento. Além da pauta nacional, contra a Reforma da Previdência e o contingenciamento feito no orçamento do Ministério da Educação (MEC), os professores do DF reivindicam uma série de pautas locais. Entre elas, a construção e reforma de escolas e o reajuste salarial de 37%.
O Sindicato dos Bancários de Brasília também aderiu à greve. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em todo o país foram registrados “casos pontuais de não funcionamento de agências em função da greve”.
Na saúde pública não houve paralisações.
SÃO PAULO
O Metrô de São Paulo ficou parcialmente paralisado devido a adesão dos trabalhadores à greve contra a reforma da Previdência. A Linha 1 – Azul, funcionava na manhã desta 6ª feira (14.jun), entre as estações Luz e Saúde, deixando a zona norte da cidade descoberta pelo serviço. A Linha 3 – Vermelha operava entre as estações Marechal Deodoro e Tatuapé, deixando sem o transporte parte da zona leste e impedindo a interligação dos ônibus e trens metropolitanos na Estação Barra Funda. A Linha 2 – Verde manteve a maior cobertura, circulando entre as Clínicas e o Alto do Ipiranga. O Monotrilho, Linha 15 Prata, foi completamente paralisado.
Parte do serviço de ônibus intermunicipais que atende a região metropolitana da capital também parou. De acordo com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), a greve afetou as linhas que atendem os municípios de Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba, com a interrupção das atividades em sete empresas da região.
Os ônibus e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) funcionaram normalmente. Na 4ª feira (12.jun), a Prefeitura de São Paulo havia obtido uma liminar na Justiça para impedir a adesão dos cobradores e motoristas à greve. As linhas Lilás e Amarela do Metrô, que são operadas por empresas privadas, também funcionaram normalmente.
A cidade também enfrentou manifestações em diversos pontos. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), os protestos interferiram na circulação das avenidas João Dias, na zona sul, na Francisco Matarazzo, na zona oeste, Dona Belmira Marin (zona sul), Santos Dummond (zona norte), Vinte e Três de Maio (centro) e no Elevado Costa e Silva, também no centro. Em alguns desses pontos foram feitas barricadas com pneus em chamas para impedir a passagem dos veículos.
Parte dos trabalhadores do sistema bancário também aderiu à paralisação. Com isso, agências em diversas partes da cidade amanheceram fechadas. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, afirma que a greve também atingiu centros administrativos do Banco do Brasil, Santander, Bradesco, Caixa Econômica e Itaú.
Na rede de ensino, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, informou que apenas 74 escolas ficaram completamente paralisadas na manhã de hoje e outros 101 estabelecimentos funcionaram parcialmente. A rede estadual conta com 5,4 mil escolas.
RIO DE JANEIRO
Duas rodovias foram ocupadas por manifestantes na capital fluminense. O principal protesto foi realizado pela manhã, na BR-101, na altura do município de Campos. A rodovia ficou totalmente fechada por quase 3 horas: das 5h às 7h46. A BR-040, que liga a capital à região serrana) ficou parcialmente fechada, na altura do quilômetro 113, próximo à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), em Duque de Caxias.
Na capital, manifestantes fecharam parcialmente a Avenida Brasil, na altura do Caju, próximo ao centro. A polícia usou bombas de efeito moral para dispersar a multidão. O trânsito foi liberado pouco antes das 8h, causando engarrafamento com reflexos na zona norte e em Niterói. O trajeto pela ponte Rio-Niterói, que normalmente é feito em 20 minutos, chegou a mais de uma hora, no sentido Rio de Janeiro. Foram registrados protestos também em Niterói.
Pouco depois das 18h, uma passeata marcou o dia de greve geral. Os manifestantes ocuparam a Avenida Presidente Vargas e foram em passeata à Central do Brasil. Portando faixas e cartazes com críticas à reforma da Previdência e contra o contingenciamento de recursos para a educação, estudantes, sindicalistas e trabalhadores gritavam palavras de ordem contra as mudanças propostas. O policiamento na região foi reforçado.
Quando os manifestantes chegaram em frente ao Comando Militar do Leste, houve o disparo de um foguete em direção ao prédio do comando. Em resposta, foram lançadas bombas de gás e efeito moral. O local estava cercado com grades, soldados da cavalaria e dois blindados. Policiais militares também lançaram bombas de gás para dispersar os manifestantes, que recuaram em direção à Avenida Rio Branco.
REGIÃO SUL
Manifestantes contrários à reforma da Previdência bloquearam totalmente os dois sentidos do Contorno Sul de Curitiba, das 7h às 9h. Outro bloqueio ocorreu na BR-476, em Araucária, nas imediações da Petrobras. Os manifestantes interromperam o trânsito na rodovia por cerca de uma hora.
Policiais rodoviários federais estiveram no 2 locais para garantir a segurança dos motoristas.
BOLSONARO COMENTA GREVE
Durante 1 café da manhã com jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre a greve. O presidente disse ver o movimento como algo natural. “[Vejo] com muita naturalidade. Quando resolvi me candidatar, sabia que ia passar por isso”, disse.
Sobre reforma da Previdência, alvo das paralisações de hoje, Bolsonaro voltou a defender a importância das mudanças nas regras da aposentadoria, sem as quais os empresários não terão “segurança para investir”.
Fonte: Poder 360