Considerado um bastião do conservadorismo americano, o Estado do Texas, que o presidente Jair Bolsonaro visita a partir desta quarta-feira, vem assistindo nos últimos anos a um fortalecimento da esquerda que, segundo analistas, pode colocar em risco a dominância do Partido Republicano.
Bolsonaro anunciou sua visita de dois dias à cidade texana de Dallas depois que o plano inicial de viajar a Nova York para receber uma homenagem foi cancelado em meio a protestos contra sua presença. O presidente brasileiro espera ser bem recebido no Texas, reduto tradicional do Partido Republicano.
Mas apesar de o partido do presidente Donald Trump controlar há anos o governo, o Senado estadual e a Câmara estadual do Texas, suas margens de vantagem vêm diminuindo a cada eleição, resultado, segundo analistas, de profundas mudanças demográficas no Estado.
Um exemplo recente foram as eleições legislativas do ano passado, nas quais o democrata Beto O’Rourke surpreendeu ao quase derrotar o senador federal republicano Ted Cruz, que concorria à reeleição. Depois de ter vencido sua primeira disputa ao Senado, em 2012, com 16 pontos percentuais de vantagem, desta vez o conservador Cruz enfrentou uma batalha acirrada.
No final, Cruz manteve sua vaga por pouco, com 50,89% dos votos, ante 48,33% recebidos por O’Rourke. Além do susto no Senado federal, os republicanos perderam 12 cadeiras na Câmara estadual e duas no Senado estadual. Embalado pelo bom desempenho, O’Rourke agora é pré-candidato à Presidência, concorrendo à indicação do Partido Democrata.
Dois anos antes, nas eleições presidenciais de 2016, a democrata Hillary Clinton já havia surpreendido ao perder para Donald Trump no Texas por apenas nove pontos percentuais – diferença bem menor que os 16 pontos com que Barack Obama perdeu no Estado para o republicano Mitt Romney em 2012.
“Quando você combina as eleições de 2018 e 2016, observa um padrão, do Partido Democrata melhorando seu desempenho. Isso pode ser resultado do impacto de mudanças demográficas no Estado”, diz à BBC News Brasil o cientista político Juan Carlos Huerta, professor da Texas A&M University-Corpus Christi.
Fonte: BBC