RIO — Dados das secretarias estaduais de Saúde mostram que o Brasil registrou 1.312 novas mortes e 48.584 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, então, o país já contabiliza 66.868 óbitos e 1.674.655 contágios.
Nesta terça-feira, o Ceará ultrapassou o Rio de Janeiro como o segundo estado com maior número de casos de infecções de coronavírus, e está atrás apenas de São Paulo, onde a pandemia está recuando na região metropolitana. Desde o início da semana, os municípios do interior concentram cerca de 70% dos novos contágios de Covid-19.
O levantamento foi realizado por um consórcio de veículos de imprensa, formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo. As estatísticas da pandemia no Brasil são divulgadas três vezes ao dia. O próximo levantamento será divulgado nesta quarta-feira às 8h. A iniciativa dos veículos foi criada a partir de mudanças nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde na gestão do interino Eduardo Pazuello.
O ministério divulgou os dados na noite desta terça-feira. Foram registradas 1.254 novas mortes, elevando o total para 66.741, e 45.305 novos casos. Fazendo com que o número de diagnósticos confirmados seja 1.668.589 desde o começo da pandemia no país.
Segundo o boletim, os estados com os maiores números de casos são: São Paulo (332.708), Ceará (124.952), Rio de Janeiro (124.086), Pará (116.152) e Maranhão (92.088). Os estados com o maior número de mortes são: São Paulo (16.475), Rio de Janeiro (10.881), Ceará (6.556), Pará (5.128) e Pernambuco (5.234). Os dados mostram ainda que há 976.977 pessoas recuperadas da doença e 624.871 estão em acompanhamento.
Nos boletins das terças-feiras, os números costumam refletir a contabilidade dos dados ainda do fim de semana anterior.
Presidente com Covid-19
O presidente Jair Bolsonaro, que vinha se queixando de mal-estar desde sábado, declarou esta terça-feira que testou positivo para coronavírus. Mesmo sem saber o diagnóstico, o presidente afirmou ter tomado hidroxicloroquina com azitromicina. Não há comprovação científica da eficácia do uso destes medicamentos.
Membros da cúpula do governo que tiveram contato próximo com Bolsonaro nos últimos dias fizeram novos testes para Covid-19. Entre os que passaram pelo exame estavam os ministros palacianos Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Jorge de Oliveira (Secretaria Geral da Presidência). Todos tiveram resultado negativo para a doença e mantiveram suas agendas.
A imprensa internacional destacou declarações negacionistas de Bolsonaro dadas desde o início da pandemia, como quando a comparou com uma “gripezinha”, além de seu desrespeito a medidas sanitárias, evitando usar máscaras e desmotivando o isolamento social.
A confirmação do diagnóstico mostra ao mundo que “nenhum de nós está imune ao vírus”, afirmou o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, em entrevista coletiva. Ele reforçou a necessidade de os governos do Brasil e da América Latina, em geral, de enfrentar a doença de forma compreensiva já que os números na região estão “críticos”:
— O diagnóstico de um chefe de estado, como do Brasil, mostra a vulnerabilidade coletiva, em que ninguém está imune à Covid-19. Os números no país parecem ter estabilizado nas últimas semanas e há diferenças regionais críticas. O sistema de saúde do Brasil permanece capaz de lidar com o problema, mas está perto seu limite, então são necessárias ações para que continuem a fazer progressos — disse Ryan, que desejou uma rápida recuperação do presidente.
América Latina
Em meio ao aumento de novos casos em diversos países da América, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente, alertou que essa não é uma segunda onda da Covid-19, mas ainda a primeira. Segundo Carissa Etienne, os países ainda estão na primeira onda, e os efeitos da doença serão sentidos por vários meses caso medidas de redução da transmissão não sejam adotadas.
— O que estamos vendo agora não é uma segunda onda. É ainda a primeira onda, e temo que continue a crescer. Essa onda está se movendo dentro de cada país, afetando áreas que não tinham registrado muitos casos — afirmou Etienne.
Para a diretora, essa tendência de crescimento é preocupante porque ocorre em um momento em que a maioria das pessoas estão sentindo fadiga em relação às recomendações sanitárias, como o distanciamento social. Ao desobedecer o isolamento, elas aumentam o risco de contágio. Segundo ela, os países devem reforçar essas medidas quando casos voltam a subir, não flexibilizar o distanciamento.
O Globo