A comissão papal contra o abuso de menores encerrou ontem sua reunião plenária, no Vaticano, afirmando que é essencial que a hierarquia católica conheça os testemunhos de vítimas. Entre as propostas analisadas, confirmou-se que o Brasil receberá um projeto-piloto mundial para a escuta das vítimas. O Estado adiantou a informação na quinta-feira, em entrevista com o representante brasileiro no grupo, Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos.
“Esta (a escuta do casos de abuso) deve ser a prioridade em que devemos focar agora”, afirmou o presidente da comissão pontifícia, o cardeal americano Sean Patrick O’Malley. “Do contrário, todas as nossas atividades de evangelização, nossas obras de caridade e de educação serão afetadas”, continuou, analisando os danos à Igreja trazidos pela série de denúncias envolvendo religiosos. “É crucial para a Igreja dar respostas rápidas e corretas a todas as situações de abuso, independentemente do momento em que se manifestem”, completou o prelado à agência de notícias vaticana.
“Foi posta em marcha uma série de projetos-piloto, sendo o primeiro no Brasil”, informou o Vaticano em comunicado oficial. “A tarefa será criar ambientes seguros e processos transparentes, por meio dos quais as vítimas possam dar ‘um passo adiante’.” À Rádio Vaticano, O’Mailey destacou que o projeto-piloto deve ainda ser estendido para África e Ásia. “Neste momento estamos programando conferências importantes no Brasil, em colaboração com a conferência episcopal.” Como o Estado adiantou, uma das propostas à mesa é trazer o cardeal para falar na assembleia-geral que reúne os bispos brasileiros anualmente.
Fonte: Estadão