
Caminhoneiros entraram em confronto com agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na manhã desta segunda-feira, 10, durante a breve manifestação que fechou trecho da rodovia Dutra (BR-116), na altura de Volta Redonda (RJ). Caminhoneiros acusam a PRF de usar força excessiva, enquanto que a corporação afirma que estava em seu direito devido às ameaças de violência por parte dos manifestantes.
Líderes dos caminhoneiros manifestaram repúdio a VEJA pelas ações dos policiais. Um deles, Ivair Schmidt, líder do Comando Nacional dos Transportes, que não estava na greve, enviou um vídeo à reportagem que mostra um policial apontando uma pistola para os manifestantes. Ele afirma também que um caminhoneiro foi imobilizado com um taser – uma arma não letal que dispara uma descarga elétrica.
Segundo Schmidt, os policiais foram truculentos. “Há quem já esteja revoltado com essa reação da Polícia Rodoviária. Assim, as pessoas ficam mais motivadas a aderir a greve”, diz. “Enviamos uma nota a Brasília sobre as nossas demandas e ela será protocolada hoje à tarde junto ao governo de transição”, afirmou Schmidt.
Os trabalhadores estão pedindo a revogação da liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que suspende as multas cobradas dos transportadores que não praticarem a tabela do frete mínimo, da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
A PRF confirmou o confronto entre policiais e caminhoneiros. Segundo a corporação, o taser foi disparado porque um dos manifestantes atacou um dos policiais. Além disso, a arma foi sacada porque os grevistas continuavam a ameaçar os policiais. “Foi um uso progressivo da força. Foi utilizado e será quantas vezes for necessário”, disse o chefe da comunicação social da PRF no Rio de Janeiro, José Hélio Macedo.
O policial também explica que dois manifestantes foram presos em flagrante por atirarem pedras em caminhões que tentavam furar os bloqueios. Outros, que também seriam algemados, fugiram pela mata, diz a PRF. “Policial não age com taser a partir de nada. Se houve truculência, foi por parte dos manifestantes. Foi um procedimento normal”, afirmou Macedo.
Apenas três pontos de alto movimento de caminhões foram fechados pelos manifestantes nesta segunda, mas todos já foram liberados.
O primeiro ponto de manifestação foi a Avenida Engenheiro Augusto Barata, chamada de Reta da Alemoa, em Santos (SP). A via leva ao Porto de Santos, o maior do país e responsável pelos embarques e desembarques de um terço do comércio internacional brasileiro.
Segundo a Companhia Docas de São Paulo, cerca de 20 caminhões interromperam o trânsito durante a madrugada e tentaram convencer caminhoneiros que estavam entrando no porto a aderir a manifestação. No entanto, quando a Polícia Militar e a Guarda Portuária chegaram ao local, os manifestantes liberaram o acesso ao porto. Segundo a Companhia Docas, não há mais qualquer manifestação no local e o porto opera normalmente.
Os caminhoneiros fecharam um segundo ponto da rodovia Dutra (BR-116). Além da manifestação da região de Volta Redonda, outro ponto de bloqueio foi montado em Pindamonhangaba, em São Paulo. Neste momento, não há nenhum ponto de bloqueio na rodovia.
Fonte: Veja