Sob os olhos de um auditório incrédulo, integrantes do movimento dos “coletes amarelos” interromperam, na segunda-feira (13), a cerimônia dos Molières, a maior premiação do teatro francês. O objetivo dos militantes era denunciar os cortes no orçamento do setor da cultura.
Logo que a 31a edição dos Molières se iniciou, a célebre sala de espetáculos Folies-Bergère, em Paris, foi invadida por dezenas de “coletes amarelos”. O mestre de cerimônias, o humorista belga Alex Vizorek, apresentava os favoritos da noite, quando os militantes, cantando e exibindo uma bandeira de apoio aos desempregados, subiram no palco.
Vizorek cedeu o microfone para os “coletes amarelos”, que também homenagearam os profissionais do mundo do espetáculo, conhecidos na França como “intermitentes”. Para isso, levaram suas próprias estatuetas, com as quais “premiaram” técnicos de teatro. Também concederam um “Molière da desonra” ao presidente francês, Emmanuel Macron, e seu ministro da Cultura, Franck Riester, presente na cerimônia.
Pouco depois, foi a vez dos seguranças invadirem o local. Os “coletes amarelos” deixaram a sala tranquilamente, sob os aplausos da plateia.
A emissora que transmite a cerimônia dos Molières decidiu, no entanto, não exibir as imagens do protesto, no programa veiculado três horas após os fim do evento. Na montagem realizada pela TV France 2, a manifestação foi cortada.
O protesto ganhou apoio durante a os discursos dos premiados. Ariane Mourier, revelação feminina por sua interpretação na peça Le Banquet, defendeu “as revoltas de hoje” e desejou “um mundo justo, porque todos nós precisamos disso”. Já Blanche Gardin, que levou o Molière do humor, afirmou que “neste período sinistro, a profissão de ator se parece mais com a medicina de emergência do que com a diversão”.
Fonte: RFI