Integrantes da cúpula da Polícia Federal afirmaram ao blog que a forma de enfrentamento adotada pelo presidente Jair Bolsonaro no que diz respeito a postos de confiança na corporação não é o melhor caminho e nunca será bem recebida entre os policiais.
Nesta quinta, Bolsonaro disse que, “se quiser”, troca o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A frase foi motivada de novo por seu desejo de mudar o superintendente da PF no Rio.
“Se eu trocar hoje, qual é o problema? Está na lei. Eu que indico e não o Sergio Moro. Ele é subordinado a mim, não ao ministro. Deixo bem claro isso aí. Eu é que indico. Está na lei, o diretor-geral. Agora, há uma onda terrível sobre superintendência. Onze foram trocados. Ninguém falou nada. Quando eu sugiro o cara de um Estado para ir para lá, ‘está interferindo’. Espera aí. Se eu não posso trocar um superintendente, eu vou trocar o diretor-geral. Não se discute isso aí. Eu quero o bem do Brasil, quero que se combata a corrupção”, declarou o presidente.
Bolsonaro afirmou que está previsto em lei que o cargo máximo da PF está subordinado ao presidente da República e não ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que escolheu Valeixo para diretor ainda na transição do governo.
Historicamente, o ministro da Justiça sempre teve liberdade para escolher o nome do diretor-geral da PF.
Como o blog divulgou na última semana, superintendentes da PF nos estados ameaçaram entregar os postos nos seus estados caso Bolsonaro não recuasse da ideia de intervir na superintendência do Rio de Janeiro.
A PF anunciou o nome de Carlos Henrique Oliveira Sousa, atual superintendente em Pernambuco, para o posto em solo carioca, mas Bolsonaro queria outro delegado para a função.
O presidente cedeu, após duas investidas anteriores, e aceitou o nome quando soube da crise instalada na corporação.
Com as novas declarações sobre a quem a PF esta subordinada, o mal-estar entre Bolsonaro e a cúpula da corporação volta a piorar.
Na última segunda-feira (21), o blog informou que diretores da PF também fizeram movimentos importantes de resistência às tentativas de interferência do presidente na corporação.
Na ocasião, reacendeu na PF a ideia de debater com a sociedade a questão do mandato para diretor-geral com o intuito de dar, de forma urgente, segurança para que o órgão continue a exercer um papel de Estado, e não sofra pressões de governos que tenham qualquer tipo de linha ideológica.
Fonte: G1