
O presidente Jair Bolsonaro fez uma videoconferência surpresa de 20 minutos em evento em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, que defende a difusão do conservadorismo por meio da arte e citou medidas para ganhar a “guerra da informação”. Após comunicar a censura de diversos espetáculos em órgãos culturais, Bolsonaro admitiu que o cancelamento das obras é uma medida para “preservar os valores cristãos”. O presidente também afirmou que serão feitas mudanças na área cultura, citando a Funarte e a Ancine, mas sem detalhar quais as alterações.
“A gente não vai perseguir ninguém, mas o Brasil mudou. Com dinheiro público não veremos mais certo tipo de obra por aí. Isso não é censura, isso é preservar os valores cristãos, é tratar com respeito a nossa juventude, reconhecer a família”, disse Bolsonaro.
Sobre a Funarte e Ancine, Bolsonaro disse que está preparando mudanças. “Nós não podemos perder a guerra da informação, deixamos tudo isso muito à vontade no passado. Estamos preparando mudanças aí na questão da cultura, da Funarte, da Ancine. Muita gente empregada lá em cargos de comissão desde o primeiro ano do governo Lula”, disse.
O ministro Osmar Terra, da Cidadania, exonerou 19 servidores do Centro de Artes Cênicas da Funarte na sexta-feira sem consultar o diretor Roberto Alvim sobre a decisão.
Jorge Lemos, presidente da Associação de Servidores da Funarte (Asserte), afirmou que “o momento é preocupante para esta fundação pública, pois não apenas sua autonomia vem sendo desconsiderada como princípios fundamentais da administração pública como a legalidade, a impessoalidade e a moralidade estão cada vez mais em xeque”, diz.
“O controle social é fundamental para que a Funarte permaneça como instituição pública e não de governo”, segue Lemos.
Após a fala do presidente, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que a Câmara não está pronta para debater a agenda conservadora de Bolsonaro.
As deputadas federais Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) mantiveram o tom ao afirmar que certos temas não podem ser discutidos enquanto Rodrigo Maia (DEM-RJ) for presidente da Câmara.
Presidente e Maia têm encontro fora da agenda
Em um encontro fora da agenda, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Palácio da Alvorada. De acordo com Maia, o encontro serviu para tratar da pauta da Câmara como o novo texto para a “regra de ouro” e para tratar da discussão da partilha dos recursos do megaleilão do pré-sal.
O governo defende dividir os R$ 106,5 bilhões previstos do bônus da assinatura do leilão, marcado para novembro, da seguinte forma: depois do pagamento de R$ 33,6 bilhões à Petrobras, Estados, municípios e parlamentares ficariam, cada um, com 10%, o que corresponde a R$ 7,3 bilhões. O Rio teria R$ 2,19 bilhões e, a União, a fatia maior de R$ 48,9 bilhões. Maia afirmou a Bolsonaro que a proposta da equipe econômica não tem chance de passar no Congresso e defendeu a manutenção dos 15% para cada.
“O grande problema é que os estados do Sul, Centro-Oeste e Sudeste também querem participar dos 15%. Nós vamos construir um texto em conjunto que vai ser votado muito rápido e vai garantir, ainda este ano, os 15% do FPM para os municípios e a regra dos estados, que o presidente Davi (Alcolumbre) e os líderes do Senado e da Câmara entenderem relevante dos 15%, vamos respaldar também”, afirmou Maia.
Maia negou ruído entre o Legislativo e o governo na questão do valor. “Não houve ruído. É todo mundo tentando ajudar; Paulo Guedes (ministro da Economia), Bolsonaro tentando ajudar. Houve um ruído com o senador Cid Gomes, que foi deselegante e não foi correto. A forma que ele ataca é a mesma forma que os radicais de direita atacam na rede social.”
Fonte: Istoé/O Dia
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