A Escócia tem uma eleição geral nesta quinta-feira (6), e o resultado vai determinar se haverá um novo referendo para decidir se o país vai continuar a ser parte do Reino Unido.
A independência é o principal tema da votação em que serão escolhidos 129 parlamentares.
O Partido Nacionalista Escocês, que lidera um governo de coalizão desde 2016, afirma que se tiver uma grande vitória nesta quinta-feira terá o direito moral e o momento político para organizar um referendo sobre a permanência no Reino Unido (a Escócia faz parte do Reino Unido há três séculos).
Em 2014 já houve um referendo de independência —na ocasião, a decisão de permanecer no Reino Unido venceu com 55.3% dos votos. Naquela ocasião, entendia-se que aquela decisão era válida por uma geração.
No entanto, a líder do Partido Nacionalista Escocês, Nicola Sturgeon, argumenta que o Brexit alterou a situação —a Escócia foi retirada da União Europeia contra a sua vontade. O Brexit foi aprovado em um referendo em 2016, mas, na ocasião, a maioria dos escoceses votou para permanecer na União Europeia.
Sturgeon diz que se o partido dela ganhar uma maioria, ela terá autoridade para aprovar legislação que pede um novo referendo.
Em seu programa, ela argumenta que a independência permitirá que a Escócia controle sua economia, se comprometendo com a criação de novos empregos verdes e com o apoio às novas empresas. A legenda também insiste na necessidade de o setor da pesca poder ter acesso ao mercado único europeu.
Boris Johnson: referendo é insensato e irresponsável
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, é contra um novo referendo, e deve procurar a Justiça para tentar evitar uma nova votação.
Na quarta-feira, Johnson disse que agora não é o momento para um referendo “insensato e irresponsável”.
O Reino Unido é formado pelos seguintes países:
- Inglaterra
- Escócia
- País de Gales
- Irlanda do Norte
Dois votos
A Escócia tem um sistema híbrido, no qual os eleitores votam duas vezes: em um candidato de sua circunscrição e em um partido. No total, 56 deputados do Parlamento local são eleitos pelo sistema proporcional.
Uma ala dissidente do Partido Nacionalista Escocês formou um novo partido, chamado Alba, liderado por Alex Salmond. O Alba pretende formar uma “supermaioria” pró-independência com o Partido Nacionalista.
Salmond já foi acusado de agressão sexual e absolvido. A primeira-ministra e ele entraram em confronto público sobre como lidaram com acusações.
Outras eleições
Além das eleições na Escócia, há votação para renovar o parlamento do País de Gales, para a prefeitura de Londres e outras autoridades na Inglaterra.
É o primeiro dia com votações importantes desde a eleição do Partido Conservador que levou Boris Johnson ao poder em 2019.
A promessa de concretizar o Brexit, que sua antecessora Theresa May não conseguiu cumprir, foi o que impulsionou a grande vitória eleitoral de Johnson em dezembro de 2019, quando arrebatou do Partido Trabalhista boa parte dos redutos operários no norte da Inglaterra, vítimas da desindustrialização.
Ele prometeu acabar com a grande desigualdade que distancia cada vez mais a rica Londres do restante do país, mas a pandemia prejudicou seus planos e ele foi obrigado a destinar bilhões de libras para mitigar seus efeitos, sem conseguir investir em escolas, infraestruturas e comunicação.
Também é um teste para o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, cujo partido enfrenta as urnas pela primeira vez desde que ele assumiu o comando da formação em abril de 2020, após a derrota histórica derrota de seu antecessor Jeremy Corbyn em 2019.
“Lutamos por cada voto”, declarou Starmer, que prometeu recuperar a esquerda britânica, apesar das dificuldades. “Independente do resultado, assumirei a responsabilidade”, disse.