Na última sexta-feira, 09 de março de 2018, foi realizada uma merecida solenidade em comemoração aos 86 anos de aniversário da Escola Estadual João da Mata.
A Escola, inaugurada em 1932, foi a primeira da esfera Estadual a ser implantada na cidade de Pombal. Uma grande realização conquistada pela luta de todos os pombalenses, graças uma luta capitaneada por Rui Carneiro e por seu irmão, o então prefeito Janduhy Carneiro.
Quando da sua inauguração, era interventor da Paraíba Antenor de França Navarro, que por sugestão de Rui Carneiro, denominou-a de Grupo Escolar João da Matta, em homenagem ao advogado e jornalista João da Matta Correia Lima, grande amigo do pombalense, que havia falecido de forma trágica em 1929;
QUEM FOI JOÃO DA MATTA?
João da Matta Correia Lima nasceu no dia 27 de outubro de 1898, na cidade da Parahyba, hoje Joao Pessoa/PB, e faleceu em 18 de outubro de 1929, vítima de um acidente automobilístico, quando retornava da cidade do Recife/PE.
Em 1912, ingressou no Lyceu Paraibano, onde destacou-se como excelente aluno e aguerrido líder estudantil. Fundou o Grêmio Maciel Pinheiro, e tornou-se colaborador da revista Lyceum, dando seus primeiros passos na seara literária.
Em 1915, é aprovado no exame de admissão para a Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 18 de dezembro de 1919.
Na cidade da Parahyba, inicia suas atividades profissionais e políticas, intensificando sua participação em diversos jornais, como “A Noite”, onde publicou diversos sonetos sob pseudônimo de “C. L” (1915); “Renascença” (1916). Porém, foi a partir de sua participação no Jornal “Correio da Manhã”, de propriedade do pombalense João Vieira Carneiro (Joca Carneiro), pai de Rui e Janduhy Carneiro, que seu ativismo político passou a ter maior visibilidade. Segundo biografista Cônego Francisco Lima, foi no Jornal Correio da Manhã porém, onde exercitou sua vocação de jornalista e onde construiu os alicerces de sua carreira política
A partir da sua atuação no “Correio da Manhã”, Joao da Matta firma uma forte amizade com o colega advogado e jornalista João Dantas (que em 1930 vem a assassinar o Presidente Joao Pessoa), já que este residia no primeiro andar onde funciona a redação do jornal.
No dia o dia 22 de setembro de 1923, a cidade da Parahyba foi tomada por forte clamor social em virtude do assassinato do estudante Sady Castor, praticado por um policial, fato que suscitou o suicídio de sua namorada Ágaba de Medeiros.
João da Matta, que lecionava História no Lyceu Paraibano, foi o líder e guia intelectual dos estudantes nos protestos e manifestações em “desagravo” à morte do estudante Sady. O Escritório de Advocacia que tinha em sociedade com o amigo João Duarte Dantas, atuou no processo de habeas corpus impetrado pelos estudantes, assim como auxiliando a acusação no processo criminal do assassino do estudante Sady Castor.
A atuação marcante de João da Matta frente aos movimentos estudantis o fizeram conhecido como “General da Mocidade”, ao tempo que estudantes do Lyceu Paraibano lhe concederam o título de Presidente de Honra do Grêmio Cívico 24 de Março.
Neste mesmo ano, em 1923, João da Matta e João Dantas haviam fundado O Jornal e já articulavam a criação de um partido de oposição, para concorrer a sucessão de Solon de Lucena, o que só veio se concretizar em 1928, com a fundação Partido Democrático. Em cerca de quatro meses de fundação, o Partido Democrático, de oposição ao governo epitacista de Solon de Lucena, firmou-se de tal maneira que, em 31 de dezembro de 1928, conseguiu eleger três vereadores da Câmara Municipal (João da Matta, José Maciel e Aderbal Piragibe). Porém, o Partido teve vida curta, foi extinto na revolução de 1930.
Em 18 de outubro de 1929, João da Matta se envolveu em um gravíssimo acidente automobilístico que o levou ao óbito, deixando de luto toda intelectualidade paraibana, que perdeu um dos seus mais proeminentes representantes.
JOÃO DA MATTA POR RUI CARNEIRO:
“Dr. João da Matta Correia Lima era filho do professor Lindolfo Correia Lima, que foi meu professor de português no Lyceu Paraibano. Dr. João da Matta era uma das maiores expressões da paraíba. Foi um dos diretores do Jornal Correio da Manhã, de propriedade de meu pai Joao Vieira Carneiro, onde eu também trabalhava como repórter. Era um grande advogado, tinha um escritório em sociedade com Joao Dantas.
Eu me dava pessoalmente com João Dantas, porque ele era muito ligado a João da Matta, que era uma figura excepcional – morreu num acidente de automóvel, viajando de Recife, depois de fazer uma bela conferência sobre a Aliança Liberal, na qual ele estava engajado. João Dantas era contra a Aliança Liberal. Eles eram companheiros de escritório de advocacia e amigos. ”
Por José Tavares de Araújo Neto