O furacão Iota, de categoria 5, causou a morte de uma pessoa e graves danos na ilha colombiana de Providencia, atingida nesta segunda-feira (16). “Estamos falando em uma deterioração de 98% da infraestrutura da ilha”, informou o presidente Iván Duque no Twitter.
A ilha de Providencia, habitada por cerca de 6 mil pessoas, é o território colombiano mais afetado pelo Iota em sua passagem pelo Caribe rumo à América Central continental. Segundo autoridades, há dificuldade de comunicação com os moradores.
O hospital da ilha perdeu parte do teto e o arquipélago (que reúne as ilhas de San Andrés, Santa Catalina e Providencia) se encontra sem luz, segundo o coronel John Fredy Sepúlveda, comandante da polícia local. Vários turistas estão presos em seus locais de hospedagem, informou.
Mais forte que seu antecessor, o Iota atingiu ventos máximos de 260 km/h e se espera que “se mantenha como um catastrófico furacão de categoria 5” ao se aproximar da fronteira entre Honduras e Nicarágua, disse o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
O furacão Iota segue a mesma trajetória do furacão Eta, que deixou mais de 200 mortos e desaparecidos na América Central. Segundo estimativas oficiais, 2,5 milhões de pessoas foram afetadas na passagem do Eta.
O NHC advertiu que se esperam “fortes chuvas, inundações repentinas e cheias de rios que ameaçam a vida” ao longo de partes da América Central, especialmente o nordeste da Nicarágua e o leste de Honduras.
O Iota é o 13º furacão da temporada atual, particularmente intensa com um número recorde de ciclones.
Bilwi, a cidade mais populosa do Caribe Norte nicaraguense, começou a sentir nesta segunda-feira fortes rajadas de vento e chuvas intensas.
Centenas de indígenas miskitos e moradores do bairro El Muelle, na costa de Bilwi, esperavam assustados a ajuda das autoridades para serem evacuados.
“Não saímos com o furacão Eta, mas este é mais perigoso”, disse à agência AFP Marisol Ingram, morador de El Muelle, cuja casa de madeira ficou danificada na passagem do Eta e corre o risco de ser arrasada pelo novo ciclone.
Os abrigos na Nicarágua, já demandados pelas evacuações durante a passagem do Eta, ficaram saturados depois de terem recebido no domingo novas levas de refugiados ameaçados pelo Iota, disse à AFP Eufemia Hernández, coordenadora de um destes centros na universidade Uraccan.
O diretor do Sistema Nacional de Prevenção, Mitigação e Atenção a Desastres (Sinapred) da Nicarágua, Guillermo González, informou que são esperados enchentes e deslizamentos de terra no Caribe Norte e nos departamentos de Chinandega, principalmente nos arredores do Vulcão Casitas, onde o furacão Mitch matou milhares de pessoas após um deslizamento de terra em 1998.
A Nicarágua se encontra em “alerta máximo vermelho na zona do Caribe Norte”, acrescentou González. “É um dos fenômenos mais violentos que já se aproximaram do nosso país”, ressaltou.
Ajuda internacional
O nordeste da Nicarágua, uma região extensa e muito populosa, com moradores das etnias miskito, sumos, garífunas, créole e mestiços, espera o impacto do Iota sem ter terminado de assimilar os efeitos do furacão Eta.
Prinsila Glaso, uma índia miskito de 80 anos, disse que em sua comunidade, ao sul de Bilwi, “tudo está destruído” após a passagem de Eta e, ante a iminente chegada de Iota, precisou deixar o local. “Não comi, não sei onde vou dormir aqui. Estou muito triste”, contou.
O governo e organismos de socorro da Nicarágua se apressam para enviar por terra alimentos e outras provisões aos desabrigados na região do Caribe, antes de ela ficar incomunicável pela cheia dos rios caudalosos que a atravessam.
Fonte: AFP