O editor do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, esteve nesta 2ª feira (2.set.2019) no programa Roda Viva, da TV Cultura, e evitou dizer quando serão divulgadas as eventuais conversas entre jornalistas e integrantes da força-tarefa da Lava Jato.
Em junho, durante congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o jornalista Leandro Demori, também do Intercept, disse que o site decidiria ‘caso a caso’ sobre a divulgação de conversas entre jornalistas e procuradores.
Greenwald também não explicou a razão pela qual não optou por analisar todo o material que recebeu dos hackers antes de publicar.
Disse que não tem uma agenda por trás e que foi apenas uma opção editorial. “O jornalista não é a perícia. Ele tem duas perguntas: é autêntico? É de interesse do público? Essa é a história do jornalismo no mundo democrático”, afirmou.
O programa teve a bancada formada pelos jornalistas André Guilherme Vieira, do Valor Econômico; Felipe Recondo, do site Jota; Gabriel Mascarenhas, do jornal O Globo; Lilian Tahan, do portal Metrópoles; e Ana Maria Campos, do Correio Braziliense.
Questionado sobre a fonte que deu acesso à série de diálogos atribuídos, entre outros, a Dallagnol e Sergio Moro, que vêm sendo revelados pelo The Intercept Brasil, Glenn afirmou “nunca pagaria por nenhum conteúdo, como todos os jornalistas legítimos do mundo”. “A grande parte da mídia brasileira funciona como uma parceira da Lava Jato. Ela não questiona ou investiga, apenas publica”, afirmou.
O jornalista avaliou a corrupção como 1 problema enorme no Brasil, mas disse ser impossível combater a corrupção com 1 método corrupto. “Acredito que o trabalho jornalístico não está enfraquecendo o combate à corrupção, pelo contrário, fortalecendo“, disse Glenn.
Perguntado se teria se arrependido por ter feito 1 discurso que defendia a Operação Lava Jato em uma palestra em que esteve ao lado de um dos alvos da conversa, o procurador Deltan Dallagnol, Greenwald disse que sim, mudou de opinião. “A força-tarefa da Lava Jato usa métodos corruptos o tempo todo porque acha que o objetivo é tão nobre que compensa tudo”, afirmou.
Sobre o futuro da Lava Jato no Brasil, o jornalista afirmou que com as reportagens do Intercept e outros jornais, foi possível revelar a corrupção e fortalecer a democracia. “É exatamente assim que estamos fazendo. Estamos revelando e limpando. O público tem o direito de saber o que essas pessoas poderosas estão fazendo na sombras“, disse Greenwald.
Fonte: Poder 360