O governo da Áustria anunciou nesta sexta-feira (8) que fechará sete mesquitas por divulgar ideias extremistas e doutrinar menores de idade, além de expulsar até 60 imãs que recebem financiamento do exterior, supostamente da Turquia.
O chefe de governo austríaco explicou que a decisão foi tomada após uma investigação da autoridade de assuntos religiosos por conta de imagens divulgadas, no início do ano, de meninos vestidos de soldados recriando uma emblemática batalha otomana da Primeira Guerra Mundial em uma mesquita apoiada pela Turquia.
“As sociedades paralelas, o Islã político e a radicalização não têm lugar no nosso país”, afirmou o chanceler austríaco Sebastian Kurz.
O ministro do Interior, Herbert Kickl, indicou que a expulsão pode afetar até 60 imãs e suas famílias, cerca de 150 pessoas, todas ligadas à Turquia. Em alguns casos, o processo de expulsão dos imãs já começou, segundo o ministro. Ele é membro do partido de extrema direita FPÖ, que integra a coalizão formada em dezembro com os conservadores.
As fotos da reconstrução da batalha de Galípoli, interpretada por menores na mesquita, foram publicadas pelo semanário de centro-esquerda “Falter” e abalaram todo o espectro político austríaco.
A Turquia reagiu, chamando a decisão de “islamofóbica” e “racista” a ofensiva contra “o Islã político”.
“O fechamento por parte da Áustria de sete mesquitas e a expulsão de imãs é o resultado da onda populista, islamofóbica, racista e discriminatória neste país”, tuitou Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdogan.
“As práticas de cobrança ideológica do governo austríaco violam os princípios jurídicos universais, as políticas de integração social, os direitos das minorias e a ética da coexistência. Os esforços para normalizar a islamofobia e o racismo devem ser rejeitados todas as circunstâncias”, completou em outro tuíte.
Nas imagens, meninos vestidos de uniforme camuflado aparecem desfilando, saudando e agitando bandeiras turcas. Também aparecem deitados no chão, imitando as vítimas letais da batalha: seus “cadáveres” estavam alinhados e envoltos em bandeiras turcas.
Fonte: Revista Veja