
A jornalista Bruna Drews, ex-repórter do Brasil Urgente (Band), se tornou alvo de comentários machistas após a repercussão de sua denúncia contra o apresentador José Luiz Datena por assédio sexual.
Ela fez um desabafo nesta segunda-feira (21) em sua conta pessoal do Instagram, que deixou de ser pública devido as reações violentas dos usuários na rede.
No depoimento, Drews afirma que “nunca fez chantagem” e que essa seria a última vez que se posicionaria sobre a investigação apresentada ao Ministério Público.
“Como ex-repórter criminal, sei que infelizmente processos por assédio sexual acabam no máximo em pagamentos de cestas básicas para o Estado! Nunca pedi nada e nunca fiz chantagem com o apresentador!”, escreveu.
“Não fui eu quem quebrei o segredo de Justiça, e sim ele. Soube pelos meus advogados que ele teve todo acesso ao meu processo trabalhista, que segue também em segredo de Justiça. Apenas por isso decidi falar. Obviamente muitas testemunhas que estavam no bar (amigos pessoais e funcionários de Datena) não vão contar a verdade. Mas tenho certeza que ela será esclarecida pela Justiça!”, complementou Bruna.
No final da publicação, Drews citou uma frase da autora feminista Simone de Beauvoir: “Na sociedade machista o homem é definido como um ser humano, a mulher como fêmea”.
Em resposta ao post da ex-apresentadora, muitos seguidores estão questionando a sua denúncia. Eles criticam o fato de ela ter esperando muito tempo antes de denunciar Datena e desacreditam o seu depoimento.
“Bem estranha mesmo essa história de Datena dar em cima de homossexual e você aguardar meses para desabafar”, publicou um dos usuários que se apresenta como F.J.
Entenda o caso
Segundo denúncia apresentada ao Ministério Público, Datena teria dito à repórter que ela era “muito gostosa e não precisava emagrecer” que “já bati muita punheta para você, você nem imagina o quanto” e que ”é um desperdício você namorar uma mulher, não deve ter conhecido o homem certo”.
Ao site Notícias da TV, o apresentador nega as acusações, acusa Drews de calúnia e alega que a profissional sofre de problemas psicológicos.
“Isso não é verdade, é falso. Eu disse para ela que ela era uma pessoa bonita. Dizia no ar, pra todo o Brasil ouvir, [que é] bonita e competente. Ela nunca reclamou, só me agradeceu por tratá-la bem”, afirmou. “Na comemoração, repeti a ela que ela era muito bonita e que não precisava emagrecer, porque ela já era competente. Tirando isso, todo o resto é mentira, calúnia e delírio.”
No documento entregue ao Ministério Público, a repórter afirma que o apresentador interrompia reportagens de forma constante para elogiar sua beleza e que, em certa ocasião, pediu para o cinegrafista mostrar o seu corpo em um link ao vivo. Ela afirma ter ganhado apelidos após este episódio como “lanchinho do Datena”.
Bruna também está movendo ação trabalhista contra a Band. Ela acusa a emissora de ter sido conivente com o comportamento do apresentador.
A emissora disse, em nota, que “o processo trabalhista em questão tramita em segredo de Justiça, a pedido, inclusive, da própria autora. A Band está impedida de se manifestar sobre o assunto”.
Bruna está de licença médica desde julho de 2018. Ela disse que começou a ter ataques de pânico e depressão após os assédios de Datena, mas que continuava na emissora por “necessidade do salário”.
Após a repercussão do caso, nas redes sociais, afirmou que está de “consciência limpa e tranquila” e que fez a denúncia por “todas as mulheres que são obrigadas a passar por isso diariamente.”
Não silencie!
“Foi só um empurrãozinho”, “Ele só estava irritado com alguma coisa do trabalho e descontou em mim”, “Já levei um tapa, mas faz parte do relacionamento”. Você já disse alguma dessas frases ou já ouviu alguma mulher dizer? Por medo ou vergonha, muitas mulheres que sofrem algum tipo de violência, seja física, sexual ou psicológica, continuam caladas.
Desde 2005, a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, funciona em todo o Brasil e auxilia mulheres em situação de violência 24 horas por dia, sete dias por semana. O próximo passo é procurar uma Delegacia da Mulher ou Delegacia de Defesa da Mulher. O Instituto Patrícia Galvão, referência na defesa da mulher, tem uma página completa com endereços no Brasil. Clique aqui.
Fonte: HUFFPOST