Os quatro policiais acusados de espancar o produtor musical negro Michel Zecler, em Paris, na França, foram indiciados, e dois deles foram presos preventivamente, informa a imprensa francesa na madrugada desta segunda-feira (30).
Entre os quatro policiais indiciados, três são acusados de “violência voluntária e intencional” e “mentir em depoimento por escrito” e um, por “violência”.
A promotoria havia solicitado prisão preventiva para três policiais, mas a Justiça decidiu pela prisão de dois e deixar os outros dois “sob controle judicial”.
Anteriormente, os quatro policiais franceses foram suspensos de suas funções, após a divulgação de um vídeo nas redes sociais que mostra pelo menos três agentes espancando um produtor musical negro, no último sábado (21), quando ele chegava em um estúdio de gravação no 17° distrito de Paris.
As imagens viralizaram nas redes sociais – com mais de 7 milhões de visualizações – e provocam a indignação de jogadores de futebol, ativistas e políticos de oposição. Todos denunciam o racismo e abusos da polícia francesa.
Três agentes alegaram que intervieram porque o produtor estava na rua sem máscara. Eles disseram que “foram arrastados” pela vítima para dentro do prédio. Um quarto policial, que chegou de reforço para “ajudar os colegas”, é suspeito de ter jogado uma bomba de gás lacrimogêneo no estúdio de música.
Michel Zecler, que prestou queixa acompanhado por sua advogada na sede da Inspecção-Geral da Polícia Nacional em Paris (IGPN), órgão equivalente à corregedoria da polícia no Brasil, disse que os policiais o chamaram várias vezes de “crioulo sujo”.
Os advogados de três deles, Anne-Laure Compoint (que defende dois policiais) e Jean-Christophe Ramadier, se recusaram a comentar a decisão do juiz após uma audiência que terminou na madrugada de segunda-feira.
A detenção dos agentes deve “evitar o risco de que façam algum tipo de acordo” entre eles ou “pressionem testemunhas”, argumentou o promotor Rémy Heitz ao explicar o pedido de prisão provisória.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, prometeu na quinta-feira o afastamento dos policiais que “mancharam o uniforme da República”, enquanto a “justiça apura os fatos”.
Fonte: G1