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Theresa May enfrenta o mais novo teste do calvário que decidiu assumir há dois anos. As equipes negociadoras de Londres e Bruxelas fecharam finalmente um acordo de retirada de Reino Unido da União Europeia, 500 páginas cheias de aspectos técnicos nas quais, entre muitas outras coisas, tenta-se dar uma solução ao principal entrave de todos estes meses, a Irlanda do Norte.
A primeira-ministra começou a convocar na tarde desta terça-feira todos os seus ministros para lhes explicar, um a um, os detalhes do acordo. Será o modo de calcular se contará com os apoios suficientes no seio de seu próprio Governo para aprovar o pacto de Bruxelas. Se considerar que é possível, já nesta quarta-feira, no começo da tarde, haverá uma reunião do Conselho de Ministros para formalizar o Brexit.
Os líderes unionistas norte-irlandeses do DUP, o principal suporte parlamentar que permite a May ter maioria em Westminster, também foram convocados à residência oficial dela, na Downing Street. Seu apoio é fundamental para que o acordo tenha possibilidades de ser aprovado quando for enviado ao Parlamento britânico.
O pacto alcançado em Bruxelas contempla a opção que a equipe de May apresentou na última hora para evitar o propósito inicial dos negociadores da UE de que a Irlanda do Norte se mantivesse dentro da União Alfandegária. Era o modo de impedir um desenlace não desejado por ninguém: que se estabelecesse uma fronteira dura entre as duas Irlandas, levando à desestabilização da paz alcançada nos Acordos da Sexta-feira Santa (1998). Entretanto, o Governo do Reino Unido considerava que esta solução atentava contra a integridade territorial do país. A proposta de May, afinal, foi manter todo o Reino Unido dentro da União Alfandegária durante o período de transição de dois anos definido para depois da data de entrada em vigor do Brexit, o próximo 29 de março. E, se for necessário, esse período poderá ser prorrogado em vários meses até que Londres e Bruxelas cheguem a um acordo quanto à futura relação comercial entre UE e Reino Unido.
Fontes citadas pela mídia britânica afirmam que esta é a solução finalmente contemplada no acordo, embora sejam incorporadas certas disposições regulatórias que afetam especificamente o território da Irlanda do Norte. May terá que se empenhar a fundo para que os unionistas norte-irlandeses aceitem essa excepcionalidade.
Os ministros poderão ver o rascunho, mas não receberão uma cópia. Resta saber se terão esclarecida a sua principal dúvida — o principal entrave, para muitos deles — suscitada nos últimos dias: se o Reino Unido poderia abandonar unilateralmente a União Alfandegária quando desejar, se haverá um mecanismo de intermediação a esse respeito no qual as duas partes tenham voz, ou se, como pedia Bruxelas e se recusavam rotundamente os eurocéticos, a última palavra será do Tribunal Europeu de Justiça.
Os representantes dos 27 países que permanecerão na UE foram convocados a uma reunião nesta quarta-feira para fazer um balanço do diálogo sobre o Brexit, segundo fontes diplomáticas. O encontro estava previsto inicialmente para que a Comissão Europeia discutisse as medidas de contingência ante um possível divórcio sem acordo com Londres, mas na última hora se acrescentou na agenda a análise do estado das negociações.
Fonte: El País