Milhares de manifestantes retomaram nesta sexta-feira os protestos e bloquearam uma importante avenida diante do Parlamento de Hong Kong para pedir a renúncia do governo local, em um novo capítulo da grave crise política na ex-colônia britânica.
Os manifestantes exigem que o governo de Hong Kong elimine por completo da agenda um polêmico projeto de lei sobre extradições para a China e também pedem a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam.
Também desejam a libertação imediata das pessoas detidas durante os protestos recentes e a abertura de uma investigação das denúncias de brutalidade policial.
O novo protesto acontece depois que o governo de Hong Kong se negou a atender as reivindicações das gigantescas manifestações das últimas semanas.
Os protestos foram provocados pelo projeto de lei que abria a porta para extradições de cidadãos de Hong Kong à China continental, uma iniciativa que foi adiada, mas não definitivamente eliminada.
Entre os manifestantes era possível observar pessoas com cartazes que pediam à polícia par anão abrir fogo, uma referência à violenta repressão ao protesto da semana passada.
“O governo ainda não respondeu as nossas reivindicações. Depois de todos estes dias, eles continuam falando bobagens e jogando a culpa um no outro”, declarou Poyee Chan, de 28 anos.
“Por isso precisamos sair às ruas e afirmar: os cidadãos não aceitam as falsas respostas”, completou.
As organizações estudantis convocaram o protesto desta sexta-feira.
“Florescer por todas as partes”, afirmava o início de um dos textos de convocação, distribuído pelo aplicativo de mensagens Telegram.
“Há muitas formas de participar. Pense cuidadosamente em sua própria forma de mostrar seu amor por Hong Kong. O dia 21 de junho não é o fim da luta, teremos mais nos próximos dias”, completa o texto.
Vários grupos envolvidos apresentaram a proposta de uma greve geral, mas não foi possível verificar se a ideia tem o apoio unânime dos líderes da convocação.
Ao mesmo tempo, Carrie Lam desafia os pedidos por sua renúncia. Apesar de ter apresentado um pedido de desculpas aos manifestantes por suas declarações e do anúncio do adiamento da análise do projeto de lei sobre extradição, ela não consegue aplacar a ira da população.
Nesta sexta-feira, escritórios no complexo onde funciona o Parlamento estavam fechados por “questões de segurança”.
Opositores do polêmico projeto de lei temem que, se o projeto for aprovado, os habitantes de Hong Kong ficarão expostos à justiça chinesa, que consideram motivada politicamente e sem transparência.
O governo chinês apoiou o projeto de lei e acusou os manifestantes de atuar em cumplicidade com governos ocidentais.
Depois que Lam anunciou a suspensão do projeto de lei ante os protestos, Pequim afirmou que respeitava e entendia a decisão.
Fonte: AFP