Milhares de manifestantes protestavam neste domingo, 7, em Hong Kong, perto de uma estação de onde partem os trens de alta velocidade para a China continental, com o objetivo de manter a pressão contra o governo local, ligado a Pequim.
Um dos organizadores, Ventus Lau Wing-hong, estimou em mais de 230.000 o número de presentes, enquanto a polícia mencionou 56.000 pessoas.
A mobilização seguia na noite deste domingo, quando agentes do Batalhão de Choque atiraram para dispersar a multidão, no bairro de Mongkok. A reação começou após um tenso confronto, de cerca de vinte minutos, em uma via principal, quando a polícia intimou por megafone a dispersão de um grupo de cerca de 300 pessoas.
Os ativistas chegaram mais cedo à estação de trens de West Kowloon, inaugurada em setembro para conectar Hong Kong à rede ferroviária chinesa de alta velocidade. O complexo de vidro e aço estava praticamente fechado pela polícia. Apenas os passageiros com bilhete podiam entrar, e foi suspensa a venda de passagens.
Ventus Lau Wing-hong garantiu que os manifestantes “marchariam de forma pacífica, racional e elegante”, sem a intenção de ocupar a estação. A polícia autorizou o ato, mas pediu calma, apontando que atos violentos foram convocados nas redes sociais.
Este foi o primeiro ato significativo desde que o Parlamento de Hong Kong foi invadido, em 1º de julho, por manifestantes com o rosto coberto, jovens em sua maioria.
Censura chinesa
Há semanas, o centro financeiro internacional é palco de grandes manifestações provocadas pelo projeto de lei que autoriza as extradições para a China. A maioria dos atos foi pacífica, apesar de terem sido registrados embates com a polícia.
O texto foi retirado da pauta, mas isso foi considerado insuficiente. O movimento cresceu para reivindicar reformas democráticas e que se detenha a degradação das liberdades no território semiautônomo.
Milhares marcharam pelas ruas de Tsim Sha Tsui, um bairro muito frequentado por turistas chineses, na parte continental de Hong Kong. Segundo os manifestantes, a concentração tenta explicar o movimento aos chineses do continente.
Em Pequim, a informação enfrenta a “grande muralha informática”. No país, as manifestações de Hong Kong são apresentadas como violentas e orquestradas do exterior para desestabilizar a China, e não como um movimento popular em massa contra a influência crescente do governo chinês no território.
As manifestações exigem a anulação total do projeto sobre as extradições, uma investigação independente sobre a atuação da polícia, anistia para os detidos e a renúncia da chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, próxima a Pequim.
Em apoio às autoridades locais, a China quer a abertura de uma investigação criminal contra os manifestantes que recorreram à violência.
Em entrevista à rede BBC, o embaixador chinês em Londres alegou que o texto sobre as extradições é necessário para “preencher um vazio” jurídico.
Fonte: Veja