O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse ontem (8), no Rio de Janeiro, que o Ministério da Educação (MEC) concordou com a liberação da primeira parcela dos R$ 908 mil necessários para o projeto executivo de restauração da fachada e dos telhados permanentes do edifício que pegou fogo em setembro do ano passado.
“Tivemos ontem uma reunião muito proveitosa com o MEC, que foi extremamente sensível diante de todas as dificuldades e nos deu essa grata notícia”, disse Kellner, durante evento na Quinta da Boa Vista, onde são celebrados neste fim de semana os 201 anos do Museu Nacional.
Prestação de contas
Segundo o diretor do Museu Nacional, será realizado um evento no dia 2 de setembro que marcará um ano do incêndio e, na ocasião, serão listados para o público os recursos já recebidos e também as demandas ainda não atendidas. Ele adiantou, porém, que o maior repasse até o momento foi do MEC, ainda durante o governo de Michel Temer.
Na ocasião, foram transferidos R$ 16 milhões, dos quais R$ 9 milhões se destinaram a intervenções para estabilização do prédio e montagem da estrutura temporária de telhados e R$ 5 milhões repassados para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que está encarregada da elaboração do projeto executivo das instalações internas e do projeto para as novas exposições.
Os outros R$ 2 milhões tiveram empregos diversos, como a montagem de contêineres.
Resgate
A estimativa da diretoria do Museu Nacional é que entre 75% e 78% das coleções foram afetadas no incêndio, o que não significa que foram todas destruídas.
Kellner afirma, porém, que mais da metade das coleções foi perdida, e cita os 12 milhões de exemplares de insetos e materiais etnográficos raros.
O trabalho de salvamento do acervo que se encontra sob os escombros só deve ser encerrado no fim do ano. O resgate de peças tem sido divulgado progressivamente.
Em outubro do ano passado, foi localizado o crânio da Luzia em fragmentos. Trata-se do fóssil mais antigo já encontrado no continente americano, considerado uma das principais relíquias que a instituição guardava. Ele deverá ser restaurado.
Já nesse ano, foi organizada a primeira exposição após o incêndio. Realizada em parceria com o Museu da Casa da Moeda do Brasil, que cedeu seu espaço, a mostra incluiu 160 peças do projeto Paleoantar, dedicado a coletar e estudar rochas e fósseis da Antártica. Entre elas, há oito peças que foram resgatadas dos escombros do edifício queimado.
Sobre uma estimativa de reabertura do Museu Nacional, o diretor afirmou que sua meta é daqui a três anos ter pelo menos uma sala ou uma parte do edifício com exposição disponível ao público.
Em outubro do ano passado, quando anunciou a localização do crânio da Luzia, ele estimou que, para ter um museu de primeira linha, serão necessários R$ 300 milhões.
Fonte: Agência Brasil