Milhares de pessoas foram às ruas do Paquistão nesta sexta-feira (30) para demonstrar apoio à Caxemira, região disputada pelo país e a Índia. O governo indiano revogou, neste mês, a autonomia da sua parte da Caxemira; ambos os países governam parte do território, mas a reivindicam por completo.
A região, de maioria muçulmana, é um ponto histórico de conflito entre os paises.
Nas demonstrações de apoio desta sexta (30), convocadas nacionalmente como “A Hora da Caxemira”, pessoas seguravam bandeiras do Paquistão e da Caxemira Livre, região que é parte do território da Caxemira e administrada pelos paquistaneses.
O hino nacional paquistanês e um hino para a Caxemira tocaram na televisão e no rádio, o tráfego e trens pararam e os semáforos foram desligados. Os gestos são parte da campanha do primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, para chamar a atenção do mundo para a região.
“Estamos com eles nos tempos de dificuldade”, declarou o premiê. “A mensagem que sai daqui hoje é que, enquanto os caxemires não tiverem liberdade, resistiremos com eles”, disse Khan a milhares de manifestantes na capital do Paquistão, Islamabad.
Perda de autonomia
A Índia luta contra militantes separatistas em sua parte da Caxemira desde o final dos anos 80, acusando o Paquistão muçulmano de apoiar os insurgentes. O país nega, dizendo que apenas oferece apoio político à Caxemira – que considera oprimida pelo governo indiano e suas forças de segurança.
No dia 5 de agosto, a Índia retirou a autonomia da sua parte da Caxemira. Na prática, isso bloqueou o estado indiano de Jammu e Caxemira de enquadrar suas próprias leis e permitiu que não residentes comprassem propriedades lá. O governo disse que a reforma facilitaria o desenvolvimento da Caxemira, para o benefício de todos.
Mas a decisão do governo indiano enfureceu muitos moradores da região, que estão sob controle da segurança desde então – com linhas telefônicas, redes de internet e televisão bloqueadas e restrições de movimento e reunião.
A decisão da Índia também irritou o Paquistão, que cortou os laços comerciais e de transporte e expulsou o embaixador da Índia no país.
“Quero lhe dizer, Narendra Modi [primeiro-ministro da Índia], que daremos uma resposta adequada. Nossas forças armadas estão prontas”, disse Khan nas manifestações desta sexta (30).
O Paquistão buscou o apoio dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países para pressionar a Índia pela Caxemira, mas os indianos afirmam que é uma é uma questão interna e que só manterá conversas com o Paquistão se o país parar de apoiar militantes que operam a partir de seu solo.
O governo paquistanês há décadas pede a implementação das resoluções da ONU sobre a Caxemira, que em 1948 e nos anos 50 adotou várias resoluções sobre a disputa pela região. Uma delas diz que um plebiscito deve ser realizado para determinar o seu futuro; outra insta os dois lados a “abster-se de fazer qualquer declaração” e de fazer, causar ou permitir quaisquer atos que possam agravar a situação”.
As forças de paz da ONU foram destacadas desde 1949 para garantir um cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão na região.
Fonte: G1