Uma das grandes questões que ainda inquietam a sociedade moderna é descobrir o que ela representa. A sociologia, o direito, a antropologia e outras ciências afins buscam conceituar o “ser social” e os rumos de seu caminhar. As perguntas, contudo, persistem no início desse século. E, como sabemos, são as perguntas que movem o mundo.
Nesse cenário de conectividade, o homem contemporâneo surge embebecido de exposição, precisando, mesmo que vagamente, buscar desnudar sua real identidade, aquela que está fincada por trás da câmera do seu aparelho celular.
Descobrir-se foi sempre uma imperiosa indagação enfrentada pela filosofia e, sobremaneira, pela psicologia ao longo do tempo mas nunca foi tão desafiadora quanto agora. Afinal, quem somos? Eis a questão!
O advento das mídias sociais agravou ainda mais essa percepção e a busca pela resposta sobre quem somos. Se no passado a grande pergunta flutuava no campo existencial de quem somos, o que somos ou o que nos tornamos, hodiernamente parece-nos que conceitualmente nos infectamos em nossa capacidade crítica e avaliativa da condição de si mesmo.
No universo de exposição e expiação em que vivemos, a grande e atual pergunta é em qual vitrine nos escondemos quando nos mostramos? Sob quão breve, falso, fugaz, midiático e apressado vidro social nos colocamos expostos?
Optamos atualmente, e as opções são muitas, por aquele mundo de exposição que melhor nos atende, quase sempre, resultado de nossos traumas e também de nossas incapacidades (conscientes e inconscientes) de construir uma vida real, com problemas reais, com sonho palpável e alcançável que, de fato, nos falta.
Essa vida de vitrine midiática de postagens do “ideal” atinge um patamar tão elevado sobre nós mesmos que, não raramente, somos compelidos a acreditar naquilo que construímos ilusoriamente e divulgamos.
É muito provável que ainda não tenhamos atingido o ápice de nossa exposição mas, certamente, já podemos mensurar que estamos mergulhados numa geração viciada em atenção e holofotes. Todos loucamente querendo ser famosos, ainda que não sejamos bons em nada.
Em suma, na vida vitrine, “o essencial é invisível aos olhos!”
Teófilo Júnior