O rádio e o cinema protagonizaram no século passado um papel importantíssimo na história da humanidade. Quem teve a grata oportunidade de viver por algum tempo numa cidade do interior, tem o poder de constatar a veracidade dessa assertiva mais ainda.
Em diversas cidades da Paraíba, o cinema funcionava não só como um ponto de encontro dos jovens, mas também como um fator de influência do comportamento da sociedade local. Qual o pessoense que não se lembra do cine Felipéia situado nas proximidades do Pavilhão do Chá, do Astória e do São Pedro, próximos à Praça da Pedra, dos Cines Glória e Bela Vista, localizados em Cruz das Armas, do famoso Metrópole e do Cine Torre, que ficavam no querido Bairro da Torre. Quem não se recorda do Cine Rex, do Plaza, do Municipal e do Brasil?
Na terra Pombal, a querida “Maringá”, o cinema também teve por muito tempo sua parcela de inesquecível contribuição na formação de várias gerações de meninas e meninos, que hoje, apesar de adultos jamais esqueceram dos momentos vividos no templo chamado Cine Lux.
Quem não se recorda de uma cena cotidiana dos jovens, que durante a semana, depois do jantar, cumprindo um ritual quase que diário, saíam de suas casas, passavam pela Praça Getúlio Vargas e com passos largos se dirigiam ao Cine Lux?
As primeiras gerações foram ali recebidas pelo Senhor Afonso. Nessa época, o Cine Lux era palco também de matinês, onde músicos locais se apresentavam e jovens talentos se exibiam como calouros.
As gerações mais recentes tiveram como anfitrião maior o conhecido e querido Galdino e sua inseparável lanterna. Aquele senhor zeloso, que até nos filmes de humor, procurava controlar exemplarmente as algazarras da garotada.
E quando o domingo chegava. Ah! Ao meio dia, com ou sem almoço, a meninada corria toda para assistir à matinê. Foram filmes e mais filmes, que estão até hoje cripitografados na memória dos filhos do Cine Lux. Eram faroestes estrelados por John Waney ou mesmo de caubóis que também eram cantores, como Gene Autry e Roy Rogers Ali a tela cinematográfica nos apresentou Oscarito, Anquito, o mundo de Mazaropi, a arte das lutas marciais de Bruce Lee, A vida de “O Ébrio”, o amor puro de Lagoa Azul, o fascínio do Menino do Rio, King Kong, o Exorcista e o inesquecível Jornal Canal 100, com jogadas maravilhosas, só imaginadas ao pé do rádio com a narração de Valdir Amaral e Jorge Kúri, da Rádio Globo.
O Cine Lux não resistiu ao delirante avanço da tecnologia. Os aparelhos de televisão, vídeo cassetes e DVDs invadiram as casas e o retiraram de cena. O nosso cinema paradiso não abre mais as suas bilheterias, nem muito menos suas cortinas. Hoje só a sua parede frontal resiste ao tempo. O que seria do mundo sem o cinema? Mesmo hermeticamente confinados aos Shoppings, o cinema heroicamente ainda resiste e triunfa.
ONALDO QUEIROGA