O homem teme o desconhecido? Quem não já sentiu um frio correndo dentro do seu intimo, quando no escuro da noite o silêncio é quebrado por um ranger de porta? Nesta hora o pensamento corre léguas num só instante. Na imaginação do homem aquele pequeno barulho gera muitas suposições, desde um ladrão a uma alma penada, a um gato que passou pela porta abrindo-a lentamente, ou quem sabe se não fora o irmão que dormia no quarto ao lado que resolvera ir até cozinha.
O fato é que quando o ser humano não possui o efetivo conhecimento sobre determinada coisa ou situação, que lhe possibilite estar sob o comando, sem dúvida, que a vulnerabilidade lhe toma conta. É inegável o medo do desconhecido. Se estivermos num local sozinho e ali chegar uma pessoa estranha e mal encarada, logo somos acometidos de uma insegurança interior enorme, que nos remete a rapidamente a buscar sair daquele lugar.
Mas o desconhecido também tem morada nos céus da noite, que com sua escuridão, com suas as estrelas e a sua branca lua, promove no âmago do homem uma visão prospectiva daquela imensidão de insondáveis indagações e que, sem dúvida, lhe põe temores. Ali o desconhecido se deita, dorme e instiga a curiosidade do ser humano, que através das asas do pensamento viaja por lugares inimagináveis, por exemplo: Na calda de um cometa voa pela órbita lunar, por marte, penetra em buracos negros e até na volta aceita uma carona em um disco voador. Na madrugada ele (o desconhecido) despede o frio e descortina a luz do amanhecer, trazendo no alvorecer – o dia que chega com seu imenso azul, mas que, no entanto, às vezes também permite nuvens fechadas, que sob o ritmo de raios e trovões despejam águas desconhecidas para arrastar barragens, plantações, animais e o próprio homem.
O desconhecido galopa faceiro em meio aos ventos dos desertos. Quentes durante o dia e extremamente frio no bafejo noturno, o vento trás consigo o mistério de lugares distantes, levanta poeira, remove areia que encobre civilizações e culturas, ocultando do olhar humano o que era conhecido em tempos idos.
Mesmo sabendo que o desconhecido muitas vezes não pode ser visualizado, pois sempre reside após a linha do horizonte, ou mesmo logo após a próxima curva a ser vencida na estrada vida, o homem dia-a-dia busca dar um passo à frente visando, a cada momento, entender o mistério da vida.
Como o universo, as profundas das águas oceânicas, com seus vales, serras, imensos penhascos e vidas próprias, ainda, não permitem serem visualizadas integralmente pelo olhar inquieto do homem.
O desconhecido que circunda as Pirâmides Egípcias, deve ainda permear com interrogações, por um bom tempo, à mente humana. O homem se cuidar bem do seu habitar, talvez encontre no tempo, tempo para abraçar o desconhecido, e quem sabe, assim, também possa nele encontrar a paz no seu existir.
Onaldo Queiroga