O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, relançou nesse domingo (16) o polêmico debate sobre um eventual sistema de cotas para acolher imigrantes no país.
O tema deve ser debatido a partir de setembro.
Em entrevista ao Journal du Dimanche, Castaner disse que a possível implementação do dispositivo não seria aplicada para aqueles que pedem asilo, e sim para os demais migrantes. “Quando se fala de exílio, o sistema de cotas é contrário a nossos engajamentos internacionais e também à minha ética pessoal”, declarou o ministro. Para ele, “todo pedido de asilo deve ser examinado, mesmo se isso não quer dizer que ele será aceito”.
Porém, prossegue Castaner, “a questão das cotas poderá ser colocada no âmbito de um debate para outros modos de imigração legal”. O ministro, no entanto, não explicou se estava se referindo aos migrantes econômicos, aos estudantes ou àqueles que entram na França para acompanhar familiares que já vivem no país. Ele também não disse quais seriam os critérios para esse dispositivo seleção (étnicos, econômicos, sociais, etc).
Segundo Castaner, é importante que o debate sobre a imigração na França “não se focalize apenas no número de migrantes, mas também na qualidade de integração” dessas pessoas. Um estudo sobre o tema realizado em 2009 a pedido do governo da época atestou que o sistema de cotas era “ineficaz”.
Marine Le Pen diz que turistas representam risco maior
A presidente do partido de extrema direita Reunião Nacional, Marine Le Pen, que tradicionalmente é contrária à imigração, disse que se opõe a um eventual sistema de cotas. Para ela, o principal problema na França vem daqueles que entram no país ilegalmente. “O primeiro vetor de imigração ilegal é o turismo”, lançou a candidata derrotada da presidencial de 2017. Segundo ela, esse tipo de migrante entra na França com um visto de turista e, em seguida, permanece de forma ilegal no país.
A questão da imigração na França havia sido levantada pelo próprio presidente Emmanuel Macron. Em uma carta enviada aos franceses em janeiro, o chefe de Estado cogitou a ideia da criação de um sistema de “objetivos migratórios anuais”, que poderiam ser fixados pelo Parlamento. No entanto, Macron nunca falou sobre um possível dispositivo de cotas.
Fonte: RFI