
O Papa Emérito Bento XVI quer que seu nome seja retirado do livro sobre celibato clerical do cardeal Robert Sarah, informou nesta terça (14) seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gänswein.
O arcebispo afirmou à Reuters que, a pedido do pontífice emérito, pediu a Sarah que solicitasse aos editores que retirassem o nome de Bento XVI da capa, introdução e conclusão do livro, que em português se chama “Do Fundo de Nossos Corações”. Na obra, o cardeal defende a manutenção do celibato pelo clero.
Segundo fontes ouvidas por jornais na segunda-feira (13), Bento XVI não é coautor do livro e não teria visto e nem aprovado o livro ou sua capa, e nem assinado a obra.
Em uma publicação feita nesta terça-feira (14) no Twitter, o cardeal Sarah disse que, em versões futuras, a autoria do livro não será atribuída a Bento XVI, somente a ele próprio – mas que o conteúdo da obra permanecerá o mesmo.
“Considerando as polêmicas que a publicação do livro ‘Do fundo de nossos corações’ provocou, ficou decidido que o autor do livro será, para futuras publicações, o cardeal Sarah, com a contribuição de Bento XVI. No entanto, o texto completo continua absolutamente inalterado”, disse o cardeal.
O cardeal afirmou, na mesma rede social, que “Bento XVI sabia que nosso projeto tomaria a forma de um livro. Eu posso dizer que nós trocamos várias provas para estabelecer as correções”. Ele também publicou um comunicado oficial em que reitera a declaração.
Alguns estudiosos católicos romanos haviam repreendido o Papa Emérito por seus comentários no livro, dizendo que suas palavras arriscavam desestabilizar o atual pontífice, Francisco.
Padres casados na Amazônia
Em outubro, o documento final de uma assembleia de bispos católicos, ou sínodo, sobre a Amazônia propôs que homens casados da região remota possam ser ordenados como padres, o que provocaria uma mudança histórica na disciplina de celibato vigente há séculos na Igreja.
A proposta sugere que homens casados mais velhos que já são diáconos da Igreja, têm um relacionamento familiar estável e são líderes comprovados de suas comunidades sejam ordenados depois de uma formação adequada.
O Papa Francisco a cogitará, assim como muitas outras propostas sobre questões que emergiram durante o sínodo, incluindo o meio ambiente e o papel das mulheres, em um documento de sua autoria, conhecido como Exortação Apostólica, que ainda deve ser publicado.
Em 2013, quando se tornou o primeiro papa a renunciar em 700 anos, Bento XVI, que mora no Vaticano e está com 92 anos e saúde frágil, prometeu se manter “escondido do mundo”. Mesmo assim, deu entrevistas, escreveu artigos e contribuiu com livros, na prática rompendo a promessa e animando os conservadores – alguns dos quais não reconhecem a legitimidade de Francisco.
Fonte: G1