Com o senador Bernie Sanders fora do jogo, a disputa presidencial dos EUA finalmente consolidou-se entre Donald Trump e Joe Biden, mas há um terceiro jogador ansioso para entrar em campo: o ex-presidente Barack Obama. Até agora, ele se manteve à margem da campanha, aguardando que os democratas se aglutinassem em torno de um nome para impedir a reeleição do atual presidente.
Num tuíte postado nesta quarta-feira, Obama sinalizou que está pronto para reforçar o partido numa campanha que foi atropelada pela pandemia do novo coronavírus.
Sem mencionar Trump, ele afirmou que não será possível relaxar as medidas de distanciamento social, que trancam 97% dos americanos em casa, enquanto não houver sistema robusto de testes para detectar e monitorar a disseminação do novo coronavírus.
Obama divergia claramente do presidente, que mais cedo defendeu a reabertura da economia “mais cedo ou mais tarde”, para que a pandemia pudesse ser rapidamente esquecida. Trump se mostra impaciente para virar a página do coronavírus, que já contaminou 400 mil pessoas e matou 13 mil, para concentrar-se nas eleições de novembro. Como se fosse possível.
De acordo com pesquisa publicada no site Politico, 52% dos entrevistados acreditam que Obama seria um líder melhor do que seu sucessor para gerir a pandemia, em comparação aos 38% que disseram preferir Trump. Mas, por uma margem de 8 pontos, ainda optam pelo presidente, em vez de Biden, para enfrentar o coronavírus.
Trump vem transformando em palanque eleitoral as entrevistas diárias na Casa Branca da força-tarefa do coronavírus, que duram uma média de duas horas. São frequentes os ataques aos democratas e ao governo Obama.
No início desta semana, ele acusou seu antecessor de não ter feito nada em 2009 para impedir a pandemia da gripe suína, que classificou como “um desastre em grande escala com milhares de mortos”. Trump acabou sendo desmentido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Segundo a agência, o governo declarou emergência de saúde pública do H1N1 onze dias depois do primeiro caso registrado nos EUA.
Pressionado pela falta de testes para detectar o avanço da pandemia, em várias ocasiões, Trump lançou falsas acusações contra Obama, como a de mudar regras para aplicar os exames — algo que nunca aconteceu, segundo o site de monitoramento FactCheck.org.
Até agora, Obama evitou entrar em confronto direto com Trump para não politizar a pandemia e transformá-la em uma disputa entre dois presidentes. Mas, com a definição dos democratas em torno de Joe Biden, o ex-presidente certamente entrará em cena para tentar desequilibrar o jogo.
Fonte: G1