O opositor russo Alexei Navalny, de 44 anos, foi tirado do coma induzido, informou nesta segunda-feira (7) o hospital em que está internado em Berlim, na Alemanha.
O ativista anticorrupção está sendo retirado, por etapas, da ventilação mecânica e reage quando conversam com ele.
“Ainda é muito cedo para avaliar os efeitos de longo prazo de seu envenenamento grave”, afirmou em um breve comunicado o Hospital Charité, um dos mais prestigiados da Europa.
O envenenamento
Em 20 de agosto, o principal opositor do presidente russo, Vladimir Putin, sentiu-se mal e perdeu a consciência a bordo de um avião que voava para Moscou, o que obrigou o piloto a fazer um pouso de emergência na cidade de Omsk, na Sibéria. Seus assistentes e familiares acreditavam desde o início que ele tinha sido vítima de um “envenenamento intencional”, por causa da sua atividade política, ao tomar um chá no aeroporto.
Os médicos do hospital em que ele foi internado na Sibéria disseram não ter encontrado traços de envenenamento. Após ser transferido para o hospital alemão, testes toxicológicos feitos com amostras de sangue de Navalny indicaram, sem possibilidade de equívoco, que houve envenenamento com uma substância do tipo novichok.
Novichok (“novato”, em russo) é um grupo de substâncias neurotóxicas desenvolvidas pela União Soviética nas décadas de 1970 e 1980. Ela já foi utilizada contra um ex-espião russo e sua filha na Inglaterra em 2018. Os dois sobreviveram, a Rússia nega estar por trás desse incidente.
SUBSTÂNCIA NEUROTÓXICA: O que é novichok
Moscou nega
Nesta segunda, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que todas as tentativas de associar a Rússia com o que aconteceu com Navalny são “inaceitáveis” e “absurdas”.
A situação ficou ainda mais tensa no domingo (6), depois que a Alemanha apresentou à Rússia um ultimato de alguns dias para “explicar o ocorrido”.
Moscou critica Berlim por “adiar o processo de investigação que reclama” ao não transmitir os documentos do caso às autoridades russas.
De acordo com Peskov, Moscou espera que Berlim proporcione todas as informações necessárias à Rússia “nos próximos dias”. “Estamos esperando com impaciência”, afirmou.
Consequências
A chanceler alemã, Angela Merkel, não descarta consequências para o projeto de gasoduto Nord Stream 2 se Moscou não apresentar as respostas esperadas sobre o envenenamento de Alexei Navalny.
“A chanceler considera que seria um erro descartar a possibilidade a princípio”, afirmou nesta segunda o porta-voz da chefe de governo, Steffen Seibert, ao ser questionado se Merkel tentaria evitar que o projeto de gasoduto fosse afetado em caso de sanções contra a Rússia.
Fonte: G1